Operado pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), o foguetão foi lançado esta madrugada, às 02:51 em Lisboa (22:51 de quarta-feira na hora local), a partir da base espacial europeia de Kourou, na Guiana Francesa, de acordo com um comunicado daquele organismo.

O voo, que durou cerca de duas horas, abre caminho a um “serviço de transporte partilhado” para lançamento de satélites leves, aponta-se na nota.

“O primeiro Serviço de Missão para Pequenas Naves Espaciais da Europa abre as portas ao acesso rotineiro e acessível ao espaço para pequenos satélites, uma nova abordagem que mostra que estamos a atender às novas necessidades do mercado”, afirmou o diretor do departamento de Transporte Espacial da ESA, Daniel Neuenschwander.

Na nota, explica-se que o voo atesta “a iniciativa de satélites leves da ESA, [de] baixo custo”, aprovada pelo Conselho daquele organismo em 2016, e abre “caminho para serviços de rotina para satélites leves, recorrendo aos veículos de lançamento europeus Vega/Vega-C e Ariane 6″.

O lançamento é também o primeiro deste tipo de foguetão depois da falha do Vega VV15, em 10 de julho de 2019, levando à sua destruição, como medida de precaução.

A ESA recorreu a um tipo de dispensador modular em fibra de carbono, projetado “para transportar várias cargas leves para o espaço”, que oferece “oportunidades de lançamento […] para pequenos satélites, sem [as] restrições de viajar [de] satélites muito maiores”, explica-se na nota.

“Este lançamento demonstra a capacidade da ESA de usar a inovação para reduzir os custos, tornar-se mais flexível, mais ágil e dar passos na direção da comercialização”, afirmou o diretor-geral da ESA na nota, Jan Wörner.

De acordo com a ESA, os pequenos satélites abrem “oportunidades para empresas e instituições acederem ao espaço para aplicações comerciais e de investigação”, um passo que é considerado “essencial” para a economia espacial.

O Vega transportou sete microssatélites com peso de 15 a 150 kg, além de 46 CubeSat (satélite de pequenas dimensões usado para pesquisas espaciais), todos libertados a cerca de 515 km e 530 km de altitude. O satélite final foi lançado cerca de 104 minutos após a descolagem.

Cerca de metade dos 53 satélites transportados no lançamento de hoje vêm de estados europeus, tendo a ESA contribuído para o desenvolvimento de quatro, o ESAIL, Simba, Picasso e FSSCat (Sistema de Satélites Federados).

O satélite ESAIL, construído no Luxemburgo, destina-se a monitorizar a pesca e o tráfego marítimo, enquanto o Simba, liderado pelo Instituto Real de Meteorologia da Bélgica, pode medir variáveis climáticas, como a radiação solar.

Liderado pelo Instituto Belga de Aeronomia Espacial, em conjunto com a Finlândia e o Reino Unido, o Picasso vai medir o ozono e as temperaturas.

Além disso, o Vega lançou ainda uma missão de Sistema de Satélites Federados (FSSCat), proposta pela Universidade Politécnica da Catalunha, em Espanha, e desenvolvida por um consórcio de empresas e institutos europeus, na “primeira iniciativa da ESA [que] recorre à inteligência artificial a bordo de uma missão de observação da Terra”.

O Vega foi financiado, em parte, pela União Europeia, no âmbito do programa Horizon 2020.

A pandemia e as condições meteorológicas particularmente desfavoráveis, este verão, na Guiana Francesa, levaram a adiamentos sucessivos do lançamento. O último, na terça-feira, deveu-se ao tufão que passou perto de uma estação na Coreia do Sul.