O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, sublinhou em conferência de imprensa que a administração do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não quer que o número de vítimas ocorridas durante as operações no enclave palestiniano no norte do território se repita no sul.

"Nos primeiros dias da nova campanha militar contra o sul vimos algumas diferenças com a operação que foi realizada no norte", disse Miller.

De acordo com o porta-voz diplomático dos Estados Unidos, as forças israelitas estão a realizar evacuações muito mais específicas, concentrando-se nos bairros concretos que vão atacar e não nas cidades inteiras.

"Isto é uma melhoria", disse Miller, acrescentando que os Estados Unidos irão monitorizar de perto a execução destes planos para verificar se as vítimas civis são reduzidas.

De acordo com o porta-voz, a administração Biden alertou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que não quer "ver o mesmo número de vítimas civis" que ocorreu no norte de Gaza durante os bombardeamentos anteriores à trégua com o movimento islamita palestiniano Hamas, que vigorou durante uma semana e foi rompida na sexta-feira.

"Não é segredo que acreditamos que demasiados palestinianos morreram nas primeiras semanas deste conflito e que queremos que Israel tome medidas para minimizar as mortes de civis", prosseguiu.

Miller usou o tom da vice-Presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, que no sábado pediu no Dubai que o Exército israelita "faça mais para proteger civis inocentes", porque "demasiados palestinianos" já morreram.

O porta-voz do Departamento de Estado pediu também que Israel permita a entrada de mais combustível na Faixa de Gaza.

"Tivemos conversas muito francas com eles (...). Deixámos claro que queremos ver [os níveis de fornecimento de combustível] voltarem a subir, não apenas os níveis de combustível que chegaram (em Gaza), durante a trégua, mas ainda maior", afirmou Miller.

Os bombardeamentos e as novas ordens de evacuação de Israel estão a pressionar os palestinianos a "concentrarem-se em menos de um terço" da Faixa de Gaza, onde quase 1,9 milhões de pessoas foram deslocadas desde o início da guerra, afirmou hoje a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA).

? "A ordem de evacuação obriga as pessoas a concentrarem-se no que representa menos de um terço da Faixa de Gaza. Eles precisam de tudo: comida, água, abrigo e, acima de tudo, segurança. As estradas para o sul estão congestionadas", disse o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, num comunicado.

A guerra em curso no Médio Oriente começou em 07 de outubro, após um ataque do braço armado do movimento islamita palestiniano Hamas, que incluiu o lançamento de milhares de 'rockets' para Israel e a infiltração de cerca de 3.000 combatentes que mataram mais de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestraram outras 240 em aldeias israelitas próximas da Faixa de Gaza.

Em retaliação, as Forças de Defesa de Israel dirigiram uma implacável ofensiva por ar, terra e mar àquele enclave palestiniano, que enfrenta uma grave crise humanitária perante o colapso de hospitais e a ausência de abrigos, água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

As autoridades da Faixa de Gaza, controladas pelo movimento islamita palestiniano Hamas desde 2007, aumentaram hoje o número de mortos na ofensiva israelita para quase 15.900, enquanto mais de 250 palestinianos morreram às mãos das forças de Telavive ou em ataques levados a cabo por colonos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental desde 07 de outubro.

As partes cessaram as hostilidades durante uma semana no âmbito de uma trégua mediada por Qatar, Egito e Estados Unidos, mas os confrontos regressaram na sexta-feira passada após falta de entendimento para prorrogar o acordo.

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