Num comunicado, o SJ disse que "cerca de 20 jornalistas de A Bola vão ser notificados com uma carta de despedimento após o encerramento da 'Fase de Informação e Negociação do Despedimento Coletivo'".

Para o sindicato, esta expressão é "um eufemismo" já que "a empresa não deu explicações para a necessidade de ter de despedir".

"Durante todo o processo, muitos dos profissionais de A Bola foram expostos a um desgaste tal que foram chegando a acordo para uma saída que sabiam ser irreversível, mas muitos dos jornalistas continuam a lutar para que as indemnizações compensatórias para a saída sejam justas", adiantou, salientando que isso "está longe de se verificar".

"A imoralidade do despedimento não fica ligada às contas que são feitas, mas à forma como a Ringier, que se apresenta como uma das maiores empresas do mundo na área da comunicação social, está a fazer o processo, contratando jornalistas ao mesmo tempo que despede jornalistas", garantiu ainda o SJ.

O sindicato assegura que "em nenhum momento a empresa esclareceu como foi feita a escolha de quem fica e de quem sai" nem explicou como "chegou à conclusão de que uns eram mais aptos [do] que outros para a nova realidade que a Ringier quer implementar".

"No processo de despedimento coletivo e na fase que deveria ser de negociação, a empresa não deu qualquer tipo de respostas, chegou a dizer que não contratou jornalistas, mas sim pessoas para ocuparem cargos de direção", destacou o SJ, acrescentando que "não será difícil perceber que quem ocupa cargos de chefia e direção em qualquer órgão de comunicação social são os jornalistas, com carteira profissional, como exige a lei portuguesa".

Por isso, o SJ acredita que "este processo está ferido de legalidade, até porque a empresa nunca explicou" por que razão "não procurou a reconversão dos trabalhadores que foram despedidos, tendo em conta que com formação desempenhariam a sua função sem grandes dificuldades".

"O que sabemos é que no caso dos repórteres fotográficos foram todos despedidos", com "exceção de um trabalhador que a empresa diz agora ser videógrafo", afirmou.

Segundo o SJ, o grupo Ringier vai agora para "o lugar dos trabalhadores despedidos" recorrer a 'freelancers' e comprar a agências os trabalhos fotográficos.

A estrutura sindical criticou ainda o comportamento do grupo Ringier, dizendo que o primeiro ato de gestão que realizou "foi despedir dois terços dos funcionários", ou seja, "100 num universo de 150".

O sindicato disse ainda estar preocupado com notícias da Roménia, "onde 95 jornalistas romenos protestaram depois de a Ringier" ter "intervindo na política editorial dos jornais de propriedade romena".

O SJ vai, assim, pedir audiências ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e aos grupos parlamentares, destacou.

A Lusa contactou o grupo Ringier e encontra-se à espera de resposta.

Contactada anteriormente sobre este processo, a Ringier reiterou que tem "em curso um processo de tomada de decisões" sobre o qual não irá "falar até que o mesmo esteja devidamente concluído".

O grupo disse ainda que tem uma "boa ligação com os seus trabalhadores e mantém, desde o início, um diálogo construtivo com o sindicato, com o qual [se] reúne frequentemente", concluindo que "está empenhado em preservar o legado de A Bola, na sua versão impressa, TV e digital, pelo que este processo representa um passo fundamental e inevitável para garantir o seu futuro e manter o estatuto de líder dos Media desportivos em Portugal".

A Ringier Sports Media Group (RSMG) anunciou em 17 de julho a conclusão da compra da Sociedade Vicra Desportiva, incluindo A Bola, e a revista AutoFoco.

ALN (ALU) // MSF

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