"Queremos rejeitar aquilo que consideramos comportamentos inaceitáveis por parte do senhor Rubiales, que não esteve à altura da instituição que representa", disseram hoje os jogadores, num comunicado lido aos meios de comunicação social pelo capitão da seleção espanhola, Alvaro Morata, em Madrid, no primeiro dia da concentração da equipa para os jogos de qualificação para o campeonato europeu de 2024.

O futebolista, que alinha no Atlético de Madrid, afirmou que o comunicado era "de todos os jogadores" da seleção, que estavam presentes na sala em que leu o texto.

Os jogadores manifestaram "orgulho" e "a mais sincera felicitação" à seleção feminina pela conquista do título de campeãs do mundo no mundial que decorreu na Nova Zelândia e na Austrália no mês passado.

"Um feito histórico, carregado de significado, que marcará um antes e um depois no futebol feminino espanhol, inspirando muitíssimas mulheres com um triunfo de valor incalculável", disse Morata, lendo o comunicado.

Os jogadores da seleção lamentaram, neste contexto, os "acontecimentos que prejudicaram a imagem do futebol espanhol", numa referência ao comportamento de Rubiales no estádio de Sydney, em 20 de agosto, durante e depois a final do campeonato do mundo feminino.

Rubiales beijou a jogadora Jenni Hermoso na boca, o que a futebolista disse depois não ter sido consentido, ao contrário do que tem afirmado o presidente da federação.

Antes, na bancada do estádio, Rubiales tinha tocado os próprios genitais para celebrar a vitória espanhola.

Os dois comportamentos valeram-lhe queixas do governo de Espanha ao Tribunal Administrativo do Desporto, que decidiu abrir um processo disciplinar a Rubiales, e a suspensão da FIFA do cargo de presidente da federação espanhola, durante 90 dias.

"Estamos de maneira firme e clara ao lado dos valores que representa o desporto. O futebol espanhol deve ser motor de respeito, de inspiração, de igualdade e de diversidade. Deve dar um exemplo com as suas condutas, tanto dentro como fora do campo", disse hoje Alvaro Morata, em nome dos jogadores da seleção masculina.

Os jogadores lamentaram e manifestaram solidariedade com a seleção feminina por ter visto "manchado o seu êxito".

Após os acontecimentos em Sydney, seguiram-se inúmeras críticas a Rubiales, que disse que não iria abandonar o cargo, o que provocou um novo pico de contestação e extremar das posições, com as jogadoras da seleção a anunciarem não estarem disponíveis para voltarem a representar Espanha, enquanto os atuais dirigentes da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) se mantiverem nos cargos.

Onze membros da equipa técnica do selecionador feminino, Jorge Vilda, apresentaram a demissão. Por seu lado, o técnico condenou o "comportamento impróprio" do presidente da RFEF.

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