"O ministro Mauro Vieira recebeu um telefonema do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, que transmitiu a solidariedade e o apoio do Governo português diante das enchentes que assolam o Rio Grande do Sul", lê-se numa nota divulgada na quarta-feira pelas autoridades diplomáticas brasileiras.

Também através de um comunicado nas redes sociais, a diplomacia portuguesa deu conta do telefonema e acrescentou que Portugal mostrou, novamente, "toda a solidariedade de Portugal com as populações do Rio Grande do Sul afetadas pelas trágicas e devastadoras cheias".

Paulo Rangel "transmitiu a total disponibilidade para fazer chegar ao Brasil todo o apoio necessário, em estreita coordenação com a Embaixada em Lisboa" do Brasil.

Tanto os portugueses, como a comunidade brasileira a residir em Portugal, recordou o chefe da diplomacia portuguesa, "juntaram e recolheram bens essenciais numa impressionante quantidade", sendo que Portugal fará chegar "ao povo gaúcho".

Mauro Vieira agradeceu e aceitou o apoio de Portugal, garantindo ainda que "os ministros estão dispostos a coordenarem-se quanto ao apoio português oferecido, inclusive no que se refere a aspetos logísticos".

Na sexta-feira, o Brasil disse estar a articular com empresas aéreas de transporte para que mais de 200 toneladas de donativos recolhidos em Portugal cheguem ao estado do Rio Grande do Sul, que sofre de inundações sem precedentes.

"Em Portugal, a embaixada brasileira e o consulado receberam dos nossos irmãos lusitanos e dos brasileiros residentes no país mais de 200 toneladas de donativos", disse em comunicado o Governo brasileiro.

Numa primeira fase será dada prioridades ao envio de medicamentos e equipamentos médicos via aérea, mas as autoridades brasileiras garantem que "está articulando com as companhias aéreas e empresas de navegação o transporte" de todos os donativos.

As doações enviadas do estrangeiro para as regiões afetadas estão isentas de tributação, esclareceu o Governo brasileiro detalhado que as orientações e regras para o envio estão disponíveis no site da Receita Federal (https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/).

O número de mortos devido às inundações do sul do Brasil subiu para 150, havendo ainda 112 pessoas desaparecidas e cerca de 620 mil deslocadas, indicaram na terça-feira as autoridades.

Com 2,12 milhões de pessoas afetadas, o estado do Rio Grande do Sul continua a ser o mais atingido, mais de uma semana depois de uma forte tempestade ter causado grandes devastações em quase dois terços do seu território.

Nesta região que faz fronteira com o Uruguai e a Argentina, foram registadas 149 mortes, enquanto no estado vizinho de Santa Catarina, também afetado por fortes chuvas, embora em menor escala, foi registada a outra vítima mortal.

Desde o início desta tragédia climática, a maior da história do sul do Brasil, cerca de 80.000 pessoas e 11.000 animais foram resgatados pelas autoridades, enquanto 806 pessoas ficaram feridas.

Porto Alegre, a capital regional, continua parcialmente inundada, com o principal aeroporto da cidade fora de serviço, o centro histórico inundado e milhares de pontos sem eletricidade.

A mesma situação repete-se em municípios mais pequenos, como Rio Grande, a cerca de 360 quilómetros de Porto Alegre, onde atualmente se constroem pontes rudimentares com paletes de madeira para ligar infraestruturas críticas.

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