"Os nossos esforços, (...) em conjunto com os nossos parceiros, continuam. Não vamos desistir", afirmou o primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, no Fórum de Doha.

Reconheceu, no entanto, que "a continuação dos bombardeamentos está a reduzir essas possibilidades", segundo a agência francesa AFP.

O Qatar desempenhou um papel fundamental nas negociações de uma trégua de sete dias no final de novembro, durante a qual dezenas de reféns israelitas foram trocados por prisioneiros palestinianos, até ao recomeço dos combates em 01 de dezembro.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel nesta guerra, vetaram na sexta-feira uma resolução que apelava para um cessar-fogo.

"Estamos determinados a libertar os reféns, mas também estamos determinados a parar a guerra", afirmou o primeiro-ministro do Qatar.

Mas "não vemos a mesma vontade de ambos os lados" e "os bombardeamentos contínuos reduzem as nossas possibilidades", admitiu.

Reafirmou que o Qatar continuará a insistir para que Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas regressem ao diálogo, apesar de "a possibilidade ser cada vez menos provável" a cada dia que passa.

Mediador das conversações desde o início do conflito, o primeiro-ministro também lamentou as críticas aos laços do Qatar com o Hamas.

O Qatar mantém um programa de assistência económica à Faixa de Gaza que tem sido fortemente criticado por Israel, por suspeitar que o dinheiro vá parar às mãos do Hamas para comprar armas.

O primeiro-ministro voltou a denunciar a "agressão israelita" e a deterioração da situação da população civil em Gaza.

Considerou que a crise "demonstrou claramente a dimensão do fosso entre o Oriente e o Ocidente", segundo a agência espanhola EFE.

Acrescentou que a participação diversificada no Fórum de Doha representa uma oportunidade para discussões aprofundadas que tenham em conta "todas as complexidades do presente".

A 21.ª edição do Fórum de Doha é dedicada ao tema "Juntos para construir um amanhã brilhante".

Participam líderes políticos e chefes de organizações internacionais e regionais, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres.

A edição anterior, em março de 2022, tinha sido concebida para debater a recuperação da pandemia de covid-19, mas centrou-se na guerra na Ucrânia que começou com a invasão russa em fevereiro.

Este ano está a ser dominada pela guerra na Faixa de Gaza, iniciada com o ataque do Hamas em Israel, em 07 de outubro, que matou 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas.

Em represália, o exército israelita lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra a Faixa de Gaza, interrompida durante uma semana de tréguas, que em dois meses matou 17.700 pessoas, segundo o Hamas.

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