Na terça-feira, Washington anunciou ter fornecido ao Exército ucraniano, e no maior segredo, mísseis ATACMS (Army Tactical Missile System) com um alcance de 165 quilómetros, para que possa atingir as bases recuadas russas.

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciou posteriormente a utilização "com sucesso" dessas armas, e pela primeira vez. Em paralelo, as suas forças especiais reivindicavam no mesmo dia ataques contra aeródromos russos em território ocupado.

Em resposta, Putin considerou que o envio destes mísseis, que Kiev pedia há vários meses, não vai alterar o curso da guerra, reivindicando de novo que os militares ucranianos registaram pesadas baixas na sua contraofensiva sobre as defesas russas.

"O fundamental é que [os mísseis ATACMS] não vão alterar radicalmente a situação na linha de contacto, é impossível", afirmou o Presidente russo no decurso de uma conferência de imprensa em Pequim, na reta final da sua visita à China.

"Para a Ucrânia não representa nada de bom. A agonia será prolongada", acrescentou, ao considerar que Washington cometeu "um grave erro".

Na sua perspetiva, o fornecimento dos ATACMS à Ucrânia demonstra "que os Estados Unidos estão cada vez mais envolvidos neste confito".

Por sua vez, o ministro da Defesa russo Serguei Shoigu declarou que as entregas ocidentais a Kiev de mísseis, blindados e aviões F-16, neste caso para o próximo ano, conduzem a Rússia a "reforçar as suas fronteiras ocidentais".

A Ucrânia, que forçou Moscovo a diversos recuos no terreno em 2022, desencadeou em junho uma contraofensiva para recuperar 20% do seu território controlado pelo Exército russo e as milícias russófonas locais, e entretanto anexado por Moscovo.

Kiev garante que as suas tropas continuam a avançar, mas com progressos lentos devido à hesitação ocidental de fornecer novos armamentos.

Em paralelo, o Exército russo efetuou as suas próprias ofensivas em direção a Kupiansk (nordeste), e desde 10 de outubro em direção a Avdivka (leste), que procuram cercar.

Avdivka está situada 13 quilómetros a norte de Donetsk, a capital destas regiões controladas pelos separatistas locais e forças russas. Cerca de 1.600 civis permanecem nesta cidade, que contava com 30.000 habitantes antes da invasão militar de fevereiro de 2022.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

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