Em declarações aos jornalistas no palácio do Governo, após uma breve reunião do Conselho de Ministros, presidida por Sissoco Embaló, Geraldo Martins disse que "era bom que ficasse claro" que não foi reconduzido, mas sim renovada a confiança política "pelo Presidente".

"Vou continuar em funções, em gestão dos assuntos correntes, até a nomeação de um novo primeiro-ministro", disse Geraldo Martins.

Em relação ao Conselho de Ministros convocado extraordinariamente para hoje para analisar os últimos acontecimentos no país, ainda antes do anúncio da dissolução do parlamento, um comunicado do Governo refere que Geraldo Martins aproveitou para agradecer aos membros do executivo.

Martins agradeceu aos membros do executivo "pelo empenho e dedicação" no curto período de funções, cujos resultados disse serem reconhecidos pela população guineense e pela comunidade internacional.

O Governo de Geraldo Martins, saído das eleições de junho passado, entrou em funções no dia 13 de agosto, na sequência de uma maioria absoluta alcançada pela coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI -- Terra Ranka).

A coligação alcançou 54 dos 102 deputados ao parlamento e, ao ter-se juntado, após as eleições, a outros dois partidos, Partido de Renovação Social (PRS) e Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), passou a somar um total de 72 deputados no hemiciclo hoje dissolvido pelo chefe de Estado guineense.

A oposição era assegurada pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem G15), com 29 deputados, e pela Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), com um parlamentar.

A dissolução do parlamento ocorreu na sequência de uma série de acontecimentos políticos nos últimos dias, nomeadamente a prisão preventiva, por ordens do Ministério Público, do ministro da Economia e Finanças, Suleimane Seidi, e do secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro.

Os dois governantes foram detidos no âmbito de um processo de pagamento do equivalente a cerca de nove milhões de euros a 11 empresas e desencadeou confrontos armados na madrugada e manhã de sexta-feira, entre a guarda da Presidência e a Guarda Nacional, depois desta ter ido buscar os governantes às celas da Polícia Judiciária.

Os acontecimentos foram considerados um golpe de Estado pelo Presidente da República, que decidiu dissolver o parlamento com a justificação de que este órgão defendeu os governantes suspeitos em vez dos interesses do Estado.

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