De acordo com um relatório estatístico do Banco de Moçambique, a que a Lusa teve hoje acesso, essas reservas -- em moeda estrangeira - eram de 3.024,8 milhões de dólares (2.722,7 milhões de euros) no início de novembro e o crescimento foi impulsionado pelo "aprovisionamento dos bancos", obrigados a constituir reservas, que cresceram 165,3 milhões de dólares (148,8 milhões de euros) no espaço de um mês.

Além disso, entram nestas contas - que totalizam um aumento absoluto de 44,9 milhões de dólares (40,7 milhões de euros) nas reservas face ao final de outubro - mais 15,7 milhões de dólares (14,1 milhões de euros) para projetos no país e 18,5 milhões de dólares (16,6 milhões de euros) de compras diversas de divisas.

Entre os 234,5 milhões de dólares (211 milhões de euros) de saídas de reservas em novembro, 151,8 milhões de dólares (136,6 milhões de euros) foram de transferências feitas pelos bancos e 21,7 milhões de dólares (19,5 milhões de euros) são relativos ao pagamento do serviço da dívida moçambicana, entre outras.

Moçambique fechou o mês de novembro com reservas suficientes para cobrir 3,1 meses de necessidades de importações previstas para este ano, cobertura que aumenta para 3,8 meses "excluindo grandes projetos", segundo o Banco de Moçambique.

Em janeiro último, o Banco de Moçambique aumentou o rácio de reservas obrigatórias para depósitos à ordem, estrangeiros, de 11,5% para 28%, e em abril reduziu o fornecimento aos importadores de combustível de 100% para 60%.

O Governo moçambicano definiu no Orçamento do Estado de 2023 o objetivo de constituir Reservas Internacionais Líquidas no valor de 2.936,6 milhões de dólares (2.686 milhões de euros), "correspondentes a três meses de cobertura das importações de bens e serviços não fatoriais".

As reservas internacionais de Moçambique estão em queda desde 2021, divulgou em julho o Fundo Monetário Internacional (FMI).

"As reservas internacionais brutas cobrem quase 4,3 meses de importações [final de 2022], o que está acima do 'buffer' mínimo comummente recomendado", de "pelo menos três meses", refere-se num relatório do FMI, sobre a aprovação final da revisão ao Programa de Financiamento Ampliado (ECF) para Moçambique.

No relatório acrescenta-se que essas reservas internacionais de Moçambique têm "caído desde o início de 2021" e atingiram os 2.900 milhões de dólares (2.580 milhões de euros) no final do ano passado.

O FMI reconhece o impacto dos "altos custos" com a importação de combustíveis nas reservas internacionais de Moçambique, tendo em conta o fornecimento de divisas aos principais importadores de combustíveis.

"Ao mesmo tempo, as importações não relacionadas com megaprojetos aumentaram significativamente nos últimos dois anos, diminuindo ainda mais a cobertura de importações das reservas", aponta-se no documento.

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