"Estamos convencidos que todos juntos, fazendo cada um a sua parte, venceremos as adversidades", afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, ao discursar hoje no Evento de Alto Nível do CERF, para mobilização de fundos de emergência para 2024, na sede da ONU, em Nova Iorque.

Dados das Nações Unidas divulgados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação indicam que desde a criação do CERF, em 2006, Moçambique recebeu mais de 122 milhões de dólares (113 milhões de euros) para atividades humanitárias no país.

O último destes apoios foi atribuído pelo CERF em setembro último, no valor de 6,5 milhões de dólares, para ajuda humanitária a Moçambique.

"Só para ilustrar, mais recentemente, somente o ciclone Freddy, que assolou Moçambique neste ano, afetou cerca de 1,3 milhões de pessoas, causando cerca de 300 mortos e aproximadamente 800 feridos, para além de avultados danos nas infraestruturas económicas e sociais, num contexto em que o país ainda se ressente com o efeito devastador ciclone Idai, ocorrido em 2019", apontou a ministra moçambicana.

O CERF tem em implementação em Moçambique outros dois financiamentos, para programas de recuperação dos estragos acusados pelos ciclones que atingiram o país no primeiro trimestre, um de 9,9 milhões de dólares (9,3 milhões de euros), atribuído em 05 de abril, e outro de 4,9 milhões de dólares (4,6 milhões de euros), atribuído já em 15 de dezembro de 2022, para apoio a deslocados.

De acordo com a informação prestada pela governante, Moçambique acolhe em Nacala, província de Nampula, o Centro de Operações Humanitárias, de Emergência e de Resiliência da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, que "está prestes a iniciar as suas atividades".

"O Governo de Moçambique reafirma, deste modo, o seu compromisso de participar como protagonista ativo na gestão do impacto de mudanças climáticas no país e na região da África Austral", destacou Macamo.

A ministra qualificou a reunião de alto nível organizada pelo CERF de "uma importante iniciativa que testemunha o compromisso das Nações Unidas na busca de soluções para responder às emergências causadas pelos desastres naturais", ao mesmo tempo que agradeceu aos doadores do fundo pela "valiosa assistência humanitária que tem providenciado às comunidades moçambicanas".

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Essa insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de exploração de gás.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos, ACLED.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já no primeiro trimestre deste ano, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.

PVJ // ANP

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