"Apesar dos enormes desafios a nível internacional e doméstico, com destaque para a prevalência de uma envolvente geopolítica pouco favorável e instável, conjugado com o impacto adverso das mudanças climáticas e os efeitos de terrorismo na província de Cabo Delgado, o nosso país continua a trilhar uma notável trajetória de recuperação de crescimento, com um cenário promissor a médio prazo", afirmou Tonela.

"Para o presente ano, há uma perspetiva de crescimento económico de 5%, em linha com o estabelecido no plano aprovado por esta magna casa, havendo uma projeção ainda mais otimista de 5,5% para 2024", avançou Max Tonela, durante a apresentação da proposta do Plano Económico e Social e Orçamento (PSOE) para 2024, na Assembleia da República.

O ministro assinalou que após a pandemia de covid-19 em 2020, o PIB registou um crescimento real de 2,3% em 2021 e 4,1% em 2022, contrariando o registo negativo de 1,2% em 2020.

Admitiu que a inflação vai cair para um dígito este ano, alcançando 7%, depois de 10,3% em 2022, prevê-se que permaneça em um dígito em 2024.

A queda de preços é influenciada pela estabilidade do metical em relação às principais moedas estrangeiras, declarou o ministro da Economia e Finanças.

"Essa tendência é também impulsionada pela expectativa de desaceleração nos preços dos combustíveis no mercado internacional, especialmente o preço do barril do brent, o qual tem contribuído para a estabilidade dos preços domésticos, embora agora condicionado pela dinâmica do conflito israelo-palestino", enfatizou.

Max Tonela avançou que o crescimento económico previsto para o próximo ano será suportado, sobretudo, pelos setores da indústria extrativa (18%) e pelo desempenho esperado nos domínios da agricultura (5,7%), financeiro (3,5%), transportes (5,5%), eletricidade e gás (3,5%) e construção (37%).

A proposta do PSOE aponta que as exportações de bens de Moçambique vão alcançar 9,7 mil milhões de dólares (nove mil milhões de euros) em 2024 e reservas internacionais líquidas de mais de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros).

"Vale ressaltar que o nível de reservas internacionais líquidas será confortavelmente suficiente para cobrir as necessidades de importação por três meses", destacou Max Tonela.

A proposta hoje apresentada ao parlamento prevê despesas de 542.695 milhões de meticais (7.795 milhões de euros), um aumento de 15%.

De acordo com documentos de suporte à proposta, a despesa total orçamentada para o Estado corresponde a 35,3% do PIB esperado para o próximo ano. As despesas do Estado para este ano foram orçamentadas em 472.122 milhões de meticais (6.781 milhões de euros), correspondente a 35,8% do PIB moçambicano esperado em 2023.

Com os votos favoráveis da maioria da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) garantidos, a proposta orçamental para o próximo ano tem como maior fatia da despesa a rubrica de salários e remunerações, que cresce para 191.747 milhões de meticais (2.756 milhões de euros), equivalente a 12,5% do PIB, enquanto os encargos com a dívida aumentam para 54.183 milhões de meticais (778,9 milhões de euros), 3,5% do PIB.

A proposta estima receitas do Estado de mais de 383.537 milhões de meticais (5.514 milhões de euros) em 2024, equivalente a 25% do PIB, o que representará um défice de mais de 159.488 milhões de meticais (2.293 milhões de euros), correspondente a 10,4% do PIB.

O PIB moçambicano deverá crescer para 1,536 biliões (milhões de milhões) de meticais (22.084 milhões de euros) em 2024, o que corresponde a um crescimento económico esperado de 5,5%.

PMA (PVJ) // SB

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