Até setembro deste ano, 62 pessoas (53 dos quais residentes) suicidaram-se na região administrativa chinesa, com uma população que não chega aos 700 mil habitantes. Em 2022, o número totalizou 80 (71), em 2021 foram 60 casos (53) e em 2020 o valor alcançou 76 (65), declarou Ho Iat Seng aos deputados durante uma sessão de perguntas e respostas sobre o relatório das Linhas de Ação Governativa (LAG) para 2024.

"Sim, esses números são elevados e, de acordo com as estatísticas internacionais, em 100 mil pessoas há nove que se suicidam. E nós estamos com uma taxa um pouco superior. Em 2022, a nossa taxa era de 10,5, em 2021 era 7,8 e em 2020 o valor era 9,5", constatou na Assembleia Legislativa (AL), afirmando que "gostaria de baixar" estes números.

Ho Iat Seng ressalvou, porém, que, sendo Macau uma cidade, a comparação com países pode ser imprecisa: "Ao serem feitos os cálculos num país inteiro, onde há zonas rurais e zonas citadinas, a situação é um pouco diferente", referiu, admitindo que, nas zonas urbanas, "o stress é maior".

Ho respondia a uma questão do deputado português José Pereira Coutinho, que questionou o líder do executivo sobre medidas "concretas e eficazes" para diminuir o número de tentativas e de suicídios e para apoiar aqueles "que sofrem de ansiedade, depressão, transtorno de stress pós-traumático e problemas mentais".

Medidas que, sugeriu Coutinho, podem passar pela contratação de mais recursos humanos e menor tempo de espera nas consultas especializadas do serviço público de saúde.

"Todo o nosso trabalho é importante, mas o mais importante são as famílias", respondeu o chefe do Governo de Macau, defendendo que, num primeiro momento, é o núcleo familiar que pode identificar "todos esses problemas".

No que diz respeito aos recursos humanos, Ho referiu que Macau tem 102 profissionais a trabalhar nestas áreas da saúde.

O Governo de Macau relacionou em dezembro do ano passado as rigorosas políticas antipandémicas com o aumento dos suicídios do território, admitindo que, além da falta de profissionais de saúde mental, "a breve trecho" haverá uma "grande saída de trabalhadores" da área para a reforma.

"Devido à pandemia e esta situação, muitas pessoas não podem sair de casa, estão em quarentena, estão presos, entre aspas, em casa e isto provavelmente influencia residentes de Macau que não são só idosos, mas também os jovens e provavelmente para essas pessoas, os meios de recurso são poucos", disse na AL Kwok Wai Tak, dos Serviços de Psiquiatria do hospital público de Macau.

"Por conseguinte, são todas essas razões que resultam em problemas de saúde mental, dando lugar assim ao aumento de casos de suicídio", continuou.

À semelhança da China continental, Macau adotou a política de 'covid zero', impondo, até ao final de 2022, rigorosas medidas antipandémicas, nomeadamente restrições fronteiriças, quarentenas que chegaram até 28 dias e várias testagens de toda a população.

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