Em comunicado, a organização não-governamental (ONG), com sede no Reino Unido e que possui uma ampla rede de contactos no terreno, confirmou o registo de 29 mortos, após seis membros do grupo pró-turco Exército Nacional, envolvido na vaga de ataques para se infiltrarem nesta zona do norte sírio, não terem resistido aos ferimentos.

O OSDH admitiu que o número de mortos pode aumentar "porque mais de 20 membros das fações [pró-turcas] permanecem em estado grave nos hospitais de Ras al Ain".

No total, e nos dois últimos dias, pelo menos 24 milicianos pró-Ancara e cinco soldados do Exército sírio foram mortos após o envio no domingo, pelo regime de Damasco, de uma importante força militar para a região, onde combate contra as fações pró-turcas.

Os confrontos concentram-se em Tal Tamer, localidade do noroeste da província de Al Hasakah, onde estas milícias tentam infiltrar-se, deparando-se com a oposição do Exército e de combatentes do Conselho Militar de Tal Tamer, que integra as FDS.

No decurso dos violentos confrontos foram utilizadas armas pesadas, lança-foguetes e mísseis teleguiados, numa das mais graves escaladas de violência na zona dos últimos anos.

As fações pró-turcas estão a intensificar os seus ataques no noroeste da Síria, onde hoje foram mortos cinco combatentes destes grupos na localidade de Manbij, após uma resposta das FDS.

Em declarações à agência espanhola EFE, o diretor do OSDH, Rami Abderrahman, disse que "todas as partes do conflito sírio estão agora ativas", pelo facto de o Governo de Damasco, os pró-turcos e os curdos sírios "pretenderem distribuir as cartas do jogo devido aos receios do que está para vir" após semanas de instabilidade no país.

Por esse motivo, o representante assinalou que os confrontos internos entre as FDS e os seus aliados na província de Deir al Zur (nordeste), que até ao momento provocaram 57 mortos, demonstraram as debilidades da aliança das milícias pró-turcas que tentaram aproveitar a ocasião para atacar o norte.

A Turquia e as milícias apoiadas por Ancara controlam vários pontos do norte da Síria na sequência de três ofensivas transfronteiriças desencadeadas entre 2016 e 2019. Desde finais de 2022, estas forças ameaçam iniciar uma quarta ação militar contra as zonas sob controlo dos curdos sírios.

Ancara, que tem apoiado ativamente diversos setores da oposição síria, considera das Unidades de Proteção Popular (YPG), principal componente das FDS, uma "organização terrorista" pelos seus alegados vínculos ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda da Turquia.

A guerra civil na Síria, desencadeada em março de 2011 pela violenta repressão do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, de manifestações pacíficas, já provocou mais de meio milhão de mortos e obrigou à deslocação de vários milhões de pessoas.

O conflito ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas', e várias frentes de combate.

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