Segundo um comunicado, a iniciativa foi "motivada pelo gesto espontâneo e solidário" de uma vizinha da família que foi despejada na semana passada em Arroios.

Essa vizinha, Maria, "adiantou o dinheiro" para que a família - composta por um casal, Alcina e Carlos, e pelo pai de Alcina, José Manuel, com 89 anos e em cadeira de rodas -- pudesse ficar num alojamento local "durante uma semana".

O objetivo da campanha "é pôr fim a todos os despejos (...) sem alternativa habitacional digna", explicam as duas associações, exigindo a suspensão dessa ferramenta, tal como aconteceu durante a pandemia.

Simultaneamente, a recolha de fundos -- iniciada na terça-feira (https://ppl.pt/causas/pararosdespejosja) e que, à hora desta publicação, angariou 593 euros, quase metade do valor que se propõe atingir -- pretende "restituir o dinheiro que a Maria adiantou (e do qual necessita)".

Além da Maria, a família despejada contou com "a solidariedade de um outro vizinho, o ilustrador Nuno Saraiva, que acolheu na sua casa, durante o dia do despejo, o pai idoso em cadeira de rodas", contam as associações.

Definindo o despejo como "um ato violento, desumano e traumático", a Habita e a Stop Despejos denunciam as "alternativas" propostas à família de Arroios pelas instituições públicas, que não asseguraram "o direito de uma família a permanecer junta quando assim o desejar e a não abandonar os seus animais de estimação".

"As soluções não são pensões, nem abrigos da proteção civil. As pensões são para os turistas e os abrigos de proteção civil para as catástrofes. Os despejos não podem vir primeiro na ordem das coisas", sustentam.

Lembrando que a família voltará "à estaca zero" já neste sábado, os coletivos vincam que "as pessoas não são lixo para ser despejado".

SBR // MSF

Lusa/fim