"O que aconteceu aqui foi uma barbaridade", disse hoje aos jornalistas um jovem oficial das Forças de Defesa de Israel que preferiu o anonimato.

Os militares, afirmou, estão no local onde na madrugada de dia 07 se realizava o festival Super Nova "para prevenir, para garantir a segurança e para que nunca mais volte a acontecer" um ataque como o que fez pelo menos 260 mortos.

A cerca de cinco quilómetros a leste da Faixa de Gaza, a zona a que a agência Lusa teve acesso está bloqueada por soldados, ao mesmo tempo que se posicionam peças de artilharia de campanha e veículos militares blindados.

No sítio do massacre, são ainda visíveis muitos automóveis civis destruídos, roupa espalhada no chão e equipamento de campismo que pertencia aos espetadores do festival, na sua maioria jovens.

Foram os alvos dos comandos do Hamas, que atravessaram a fronteira com Israel em motos, carros e até voando em ultraleves, e surpreenderam quem dançava no deserto.

À entrada do recinto, onde ainda continuam instaladas algumas das tendas gigantes do festival, vê-se um frigorífico de refrigerantes derrubado e coberto de terra.

Pelo chão há garrafas de água, bebidas alcoólicas, refrigerantes, sacos-cama, mochilas, roupas e cadeiras de campanha espalhadas.

O local é agora uma zona avançada das forças armadas de Israel.

Perto do sítio do festival, a cerca de três quilómetros para norte, situa-se o 'kibbutz' (comunidade agrícola judaica) de Be'eri, que foi igualmente atacado e destruído pelo Hamas, que matou ali cerca de 120 pessoas, enquanto cinco ainda continuam desaparecidas, admitindo-se que tenham sido sequestradas.

À entrada, vêem-se vários veículos civis carbonizados e carrinhos de golfe elétricos abandonados.

"Aqui no 'kibbutz', o Hamas atacou indiscriminadamente, sobretudo na zona central do complexo", disse à Lusa o tenente Amon Schefler, do exército israelita.

As zonas que apresentam maior destruição são o centro de saúde, o infantário, a biblioteca e a zona que circunda o centro, que está divivida por jardins e árvores.

As redes de proteção do 'kibbutz' também foram totalmente destruídas: queimadas e atingidas por disparos de armas automáticas ou foguetes de artilharia.

No chão ainda são visíveis granadas de mão e armas automáticas dos terroristas.

Apesar da forte presença das forças militares israelitas neste local, o 'kibbutz', que foi totalmente evacuado, continua a ser atingido pela artilharia disparada de Gaza.

Enquanto a reportagem da Lusa estava no que resta do complexo, dois projéteis visaram o local, obrigando militares e jornalistas a procurarem abrigo.

Os foguetes foram destruídos ainda no ar, mas com apenas cinco segundos de sobreaviso para chegar a um abrigo, a alguns dos presentes só restou deitarem-se por terra para evitar a 'chuva' de estilhaços.

De acordo com o oficial israelita, desde o dia 07, o Hamas disparou pelo menos seis mil foguetes a partir de Gaza contra as cidades israelitas que circundam o enclave, sobretudo a norte e nordeste.

O grupo islamita Hamas atacou Israel de surpresa no dia 07 de outubro, lançando milhares de foguetes e fazendo avançar milicianos armados por terra, mar e ar, causando mais de 1.400 mortos.

Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

Os bombardeamentos de Israel na Faixa de Gaza já provocaram a morte a pelo menos 2.800 palestinianos.

*** Pedro Sousa Pereira (texto) e Manuel de Almeida (fotos), enviados da agência Lusa ***

PSP// APN

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