Os agricultores franceses bloquearam oito autoestradas ao redor da capital com os seus tratores sob a vigilância de forças policiais mobilizadas em massa.

Apesar das ameaças sindicais, o anunciado "cerco" de Paris não se concretizou até agora e os aeroportos de Ile-de-France não foram bloqueados, assim como o mercado de produtos frescos de Rungis, o maior do mundo, que abastece a região parisiense.

Um comboio de cerca de 200 tratores, que saiu do sul do país, voltou a fazer-se à estrada hoje de manhã em direção a este mercado.

Os agricultores franceses estão a bloquear várias estradas no país para denunciar, sobretudo, a queda de rendimentos, as pensões baixas, a complexidade administrativa, a inflação dos padrões e a concorrência estrangeira.

Há dias que os agricultores franceses utilizam os seus tratores para bloquear as estradas e abrandar o trânsito em toda a França, em busca de uma melhor remuneração para os seus produtos, menos burocracia e proteção contra as importações.

Na sexta-feira, o Governo anunciou uma série de medidas que, segundo os agricultores, não satisfazem plenamente as suas reivindicações, que incluem a "simplificação drástica" de certos procedimentos técnicos e o fim progressivo dos impostos sobre o gasóleo para os veículos agrícolas.

O protesto decorre ao mesmo tempo que se regista uma crise alimentar global agravada pela guerra da Rússia na Ucrânia, um grande produtor de alimentos.

Os agricultores franceses afirmam que os preços mais elevados dos fertilizantes, da energia e de outros fatores de produção para o cultivo e alimentação do gado prejudicaram os seus rendimentos.

Os manifestantes também têm argumentado que o setor agrícola francês está excessivamente regulamentado e prejudicado pelas importações de alimentos provenientes de países onde os produtores agrícolas enfrentam custos mais baixos e menos restrições.

Para quinta-feira está previsto que o presidente francês, Emmanuel Macron, proponha à presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, várias mudanças na política agrícola dos 27, em particular nas regras de pousio e na entrada de produtos ucranianos.

Os agricultores da vizinha Bélgica também montaram barricadas para impedir o tráfego de chegar a algumas das principais autoestradas, incluindo a capital, Bruxelas.

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