Segundo as novas estatísticas mensais do Banco de Portugal (BdP) sobre moratórias de crédito, que passam a ser divulgadas no último dia útil de cada mês e reunem dados das moratórias pública e privada, no final de janeiro tinham empréstimos em moratória 54 mil sociedades não financeiras (22,4% do total de empresas devedoras) e 408 mil particulares (8,8% do total de devedores).

As empresas de alojamento e restauração eram as que mais se destacavam, com 57% do montante dos seus empréstimos abrangidos por esta medida.

Considerando apenas os setores classificados como “mais vulneráveis” à pandemia (definidos no Decreto-Lei 22-C/2021 de 22 de março de 2021 e de que são exemplo o alojamento, a restauração ou a cultura), o BdP reporta estarem em suspensão de pagamento um total de 8,4 mil milhões de euros, representativos de 34,4% do total de empréstimos das sociedades não financeiras em moratória.

No que respeita aos particulares, dos 20.000 milhões de euros em moratória, 86% (17.100 milhões de euros) correspondiam a empréstimos para habitação, dos quais 3,7 mil milhões de euros estavam sob moratória privada, que termina já no final do corrente mês de março.

Dos cerca de 2.900 milhões de euros de créditos suspensos a particulares que não têm como finalidade habitação, uma parte considerável dirá respeito a crédito ao consumo, apenas abrangido pela moratória privada, sendo que esta termina no final de junho.

Os dados hoje divulgados pelo BdP evidenciam que o maior aumento na adesão às moratórias ocorreu em abril de 2020, o mês seguinte à introdução desta medida, tendo o montante máximo de crédito em moratória (48.100 milhões de euros) sido atingido em setembro de 2020.

“Desde então manteve-se uma tendência decrescente, para a qual contribui o término de algumas moratórias privadas”, nota o banco central.

Assim, o montante total de crédito com pagamento suspenso recuou para 46.900 milhões de euros em outubro de 2020, 46.600 milhões em novembro, 46.100 milhões em dezembro e 45.700 no final de janeiro deste ano.

O BdP refere que “esta redução foi transversal à generalidade dos setores e finalidades, com exceção dos empréstimos concedidos a particulares para habitação e dos empréstimos às sociedades não financeiras do setor do alojamento e restauração, em que se registaram aumentos no recurso às moratórias de 71 e 38 milhões de euros, respetivamente”.

Durante o mês de janeiro registou-se um aumento de 500 milhões de euros de novos empréstimos em moratória, enquanto 900 milhões de euros deixaram de estar abrangidos por este regime.

As estatísticas mensais sobre os empréstimos abrangidos por moratórias (pública e privadas) que agora passam a ser divulgadas pelo BdP têm por base os elementos reportados pelas instituições financeiras à Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal.

A próxima atualização será divulgada em 31 de março.

Desde abril do ano passado que milhares de clientes não estão a pagar os créditos aos bancos, fazendo uso do decreto-lei do Governo que permite moratórias nos empréstimos, criadas como uma ajuda a famílias e empresas penalizadas pela crise económica desencadeada pela pandemia de covid-19.

Em 24 de setembro, o Conselho de Ministros decidiu prolongar por seis meses, até 30 de setembro de 2021, o prazo da moratória pública de crédito, que terminava em 31 de março.