O petróleo do Mar do Norte, de referência na Europa, fechou no International Petroleum Exchange em alta de 3,12%, nos 100,99 dólares, mais 3,06 do que na sexta-feira.

Desde que começou a invasão russa na passada quinta-feira, o Brent registou valores nunca vistos em sete anos, se bem que ainda não tenha atingido os de 2008, quando chegou a estar acima dos 132 dólares por barril.

À semelhança da semana passada, a cotação do crude teve durante o dia uma marcada tendência altista, sem descer dos 100 dólares, impulsionada pelo receio de que o agravamento da crise possa influenciar os fornecimentos.

A Federação Russa é o segundo mais produtor mundial de petróleo e o principal exportador de gás.

A imposição de mais e mais duras sanções à Federação Russa por Estados ocidentais durante o fim de semana agravou aquelas preocupações.

O banco central russo manteve hoje a bolsa fechada, o rublo caiu cerca de 30% e vários bancos russos foram excluídos do sistema de comunicação interbancário internacional SWIFT.

Questionado pela Efe, Craig Erlam, analista da consultora OANDA, disse que os efeitos das novas sanções “foram mais evidentes nos mercados Forex (mercados cambiais), onde o rublo caiu mais de 30%, para mínimos históricos” e previu que estas vão “pesar enormemente na economia”.

Para este agente de mercado, apenas uma “desescalada significativa pode mudar” o rumo que a economia está a seguir e se as conversações, previstas para hoje, entre russos e ucranianos terminarem mal, “pode-se ver como o petróleo vai continuar a sua ascensão, com os investidores a levarem em conta o facto de uma luta prolongada na Ucrânia e o risco de alterações de fornecimentos”.

A analista Victoria Scholar, dirigente da consultora Head of Investment, disse à Efe que a escalada producida nos preços do petróleo resulta de “o presidente (Putin) ter colocado o armamento nuclear em ‘alerta especial'”, o que, salientou, “intensificou ainda mais as atenções entre Ucrânia e Federação Russa”.

Neste contexto de incerteza, a petrolífera britânica BP anunciou durante o fim de semana que está disposta a alienar a posição de 19,75%, que possui no conglomerado russo de energia Rosneft.

A analista Susannah Streeter, da Hargreaves Lansdown, destacou, por seu lado, que “a BP está a abrir caminho para um novo canal de censura, com um tipo de ação que também já foi tomado (na Noruega) pela Equinor”.

Calcula-se que um terço do petróleo e 40% do gás que a Europa importa venham da Federação Russa, com destaque para os oleodutos e gasodutos que passam por território ucraniano.

A invasão militar da Ucrânia pela Federação Russa e as subsequentes sanções aplicadas pelos Estados ocidentais podem alterar o fornecimento de matérias-primas e produtos agrícolas provenientes destes Estados.