Nas previsões de verão, divulgadas hoje, a Comissão Europeia manteve as suas estimativas de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) português de 1,7% este ano e em 2020, iguais às previsões de primavera, reveladas em maio.

Bruxelas está assim mais pessimista para o crescimento da economia portuguesa em 2019 e 2020 do que o Governo português, que inscreveu no Programa de Estabilidade a previsão de crescimento de 1,9% do PIB este ano e no próximo. A estimativa da Comissão para este ano está em linha com a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco de Portugal (BdP).

A Comissão Europeia indica no relatório hoje divulgado que os riscos para as perspetivas futuras continuam do lado negativo, “a refletir o recente aumento da volatilidade da produção industrial e da balança comercial do país”.

Bruxelas adianta que o crescimento do PIB deverá “diminuir marginalmente ao longo do horizonte de previsão, a refletir um ambiente externo menos favorável”, e acrescenta que “o crescimento do consumo privado também está a enfraquecer, enquanto o investimento deve acelerar, suportado pelo ciclo de absorção dos fundos da União Europeia (UE)”.

Quanto ao crescimento trimestral do PIB, os primeiros três meses do ano deverão ter sido os melhores, com uma expansão de 0,5% face aos últimos três meses de 2018 e um crescimento de 1,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. A Comissão Europeia antecipa uma expansão de 0,4% para os outros trimestres deste ano.

Ainda assim, o PIB português deverá ter um melhor desempenho que a média dos países da zona euro, com uma expansão de 0,2% no segundo trimestre e de 0,3% no terceiro trimestre, depois do crescimento de 0,4% entre janeiro e março.

Para a inflação, a Comissão Europeia prevê que se fixe em 0,9% este ano e nos 1,5% em 2020, abaixo das previsões de primavera, de 1,1% e 1,6% para 2019 e o próximo ano, respetivamente.

Bruxelas indica que a inflação em Portugal “permanece significativamente abaixo da média na UE, tendo abrandado mais para 0,7% em junho” (valor homólogo).

A Comissão indica que a inflação é atenuada por preços mais baixos do petróleo e “restrições regulatórias nos preços da energia e dos transportes públicos”.

No relatório com as previsões de verão, Bruxelas refere ainda que “o aumento dos salários é superior à inflação, mas o seu impacto sobre a procura agregada é parcialmente compensado pela recente desaceleração do crescimento do emprego”.

A perspetiva da Comissão é boa porque continuamos a convergir com a UE, diz Marcelo

O Presidente da República defendeu hoje que as previsões de crescimento da Comissão Europeia são boas para Portugal, porque a economia portuguesa continua a convergir com a União Europeia (UE).

"É uma perspetiva que eu posso considerar boa para Portugal, porque continuamos a convergir com a UE", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, referindo que "isso é bom em termos de emprego e é bom em termos de juros da dívida pública".

Em resposta a questões dos jornalistas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o chefe de Estado acrescentou, no entanto, que "não há bela sem senão" e que "o senão" das previsões da Comissão Europeia "é em matéria de balança comercial".

"Temos aí um dos problemas, esse, a produtividade e a competitividade, que são problemas que nos devem preocupar nos próximos meses e nos próximos anos", considerou.

Relativamente à taxa de 1,7% de crescimento prevista pela Comissão Europeia para Portugal em 2019 e 2020, declarou que "significa que, beneficiando de razões externas, o que é facto é que os mercados de fora veem de forma positiva a situação em Portugal".

O Presidente da República reforçou que, "Se for assim, em dois anos consecutivos", embora "sendo menos do que muitos desejariam", esse crescimento permite a Portugal "convergir com a Europa".

Bruxelas revê em ligeira baixa crescimento da zona euro em 2020

A Comissão Europeia reviu hoje em ligeira baixa a previsão de crescimento da economia da zona euro para o próximo ano, antecipando que acelere muito moderadamente, de 1,2% do PIB este ano para 1,4% em 2020.

De acordo com o executivo comunitário, as suas previsões económicas de verão, hoje divulgadas, estão “ensombradas por fatores externos”, designadamente “as tensões comerciais a nível mundial e incertezas de vulto em matéria de políticas”, o que levou Bruxelas a retirar uma décima à sua anterior previsão de crescimento da zona euro para 2020 (nas previsões da primavera, divulgadas em maio, antecipava uma progressão de 1,5%), mantendo a do ano corrente em 1,2%.

Ao longo do último ciclo de previsões, Bruxelas tem procedido a sucessivas revisões em baixa do ritmo de crescimento da economia do espaço da moeda única, que abranda assim de forma vincada, no horizonte temporal de curto prazo (2019 e 2020), face aos valores de crescimento do PIB registados nos últimos quatro anos (2,1% em 2015, 1,9% em 2016, 2,4% em 2017 e 1,9% no ano passado).

Para o conjunto da União Europeia a 28, a Comissão manteve inalteradas as suas previsões, que apontam para um crescimento de 1,4% em 2019 e de 1,6% em 2020.

(Notícia atualizada às 15:42)