"Eu penso que o relatório pode ser de grande utilidade para tirar lições que evitem a repetição de erros passados", disse João Costa Pinto, ex-presidente do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal (BdP) na sua audição na comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos.

O responsável pela comissão independente que elaborou o documento confirmou ainda que se tratou de um documento de "avaliação" à atividade do Banco de Portugal, face à pergunta da deputada do CDS-PP Cecília Meireles, que lembrou que o governador do BdP, Carlos Costa, tinha designado o documento como "reflexão interna".

Apesar de reconhecer a utilidade do relatório, relativamente à sua divulgação, João Costa Pinto disse sentir "que não o deve fazer e que não o pode fazer", e que "a sua eventual publicitação depende inteiramente de uma decisão de quem tem o relatório".

O ex-presidente do Conselho de Auditoria do supervisor financeiro disse ainda que não tem "conhecimento" de que o documento tenha sido partilhado com outros órgãos do Banco de Portugal, para além do governador.

No entanto, a 27 de março, numa audição na mesma comissão, Carlos Costa disse que o Conselho de Administração da altura "teve acesso ao documento", estando "sujeito às mesmas regras de confidencialidade".

João Costa Pinto reforçou que se trata de um documento "inédito no Banco de Portugal como no país", e disse que o relatório lhe foi pedido "pelo governador enquanto órgão estatutário", e não enquanto "pedido pessoal".

"Não foi um trabalho de auditoria", salientou o ex-responsável do BdP, mas sim "de avaliação se o Banco de Portugal, nas suas decisões, nas suas ações, nos comandos que deu ao Grupo Espírito Santo (GES)" seguiu "o melhor caminho" ou "se podia ter seguido outro".

Segundo João Costa Pinto, o mandato inicial da comissão por si presidida ditava que "era para incidir em três anos em particular, 2011, 2012 e 2013, mas houve casos em que a comissão considerou que as características e natureza dos problemas obrigavam a vir muito atrás".

O relatório avaliou "a evolução da estrutura do GES", o financiamento "da parte financeira e não financeira" do grupo, a "evolução do conglomerado misto do GES", "as ligações a Angola", "o trabalho dos auditores externos" e ainda "a evolução dos contactos entre o Banco de Portugal e o Banco Espírito Santo (BES)", esclareceu João Costa Pinto.