No requerimento dirigido ao Tribunal Judicial da Comarca de Braga, a que a Lusa teve acesso, Pedro Pidwell sugere que a Comissão de Credores seja presidida pela Caixa Geral de Depósitos, tendo como vogais representantes dos trabalhadores, do Fundo Autónomo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas (FACCE) e ainda vogais (suplentes ou efetivos) do Novo Banco e do BCP.

Estes credores reclamam créditos de 10,44 milhões de euros (CGD), 10,82 milhões de euros (trabalhadores), 9,61 milhões de euros (FACCE), 7,41 milhões de euros (Novo Banco) e 4,82 milhões de euros (BCP).

“Estando a massa e o signatário confrontado com esta situação de urgência, e com o firme propósito de defender aqueles que são os melhores interesses em presença e em salvaguarda da subsequente desvalorização do estabelecimento (com o eventual “desligar da máquina”), afigura-se necessária e urgente a nomeação uma Comissão de Credores, constituída por três ou cinco membros (conforme este Tribunal entender por bem)”, refere o requerimento, datado de 31 de maio.

No documento, o administrador de insolvência sublinha a complexidade do processo bem como o facto de a tesouraria da insolvente “estar completamente exaurida”, não estando neste momento “assegurado o cumprimento das obrigações operacionais referentes ao mês de junho”, designadamente as inerentes aos trabalhadores, ou as que resultam de encargos necessários para a manutenção de eletricidade ou de segurança da fábrica.

“Neste conspecto, cumpre sublinhar vincadamente que o signatário não acederá na manutenção dos postos de trabalho se a massa não tiver meios bastantes para cumprir com o pontual pagamento das respetivas remunerações laborais e encargos tributários”, refere Pedro Pidwell.

No requerimento, é referida a existência de “um interessado (eventualmente dois) na compra” da Coelima e da proposta colocar como “condição ‘sine qua non’ a manutenção de todos os postos de trabalho”, com o administrador de insolvência a sublinhar que reconhece e comunga o mérito de tal desiderato.

“Deste modo […] afigura-se como incontornável tomar a opção de concretizar a venda antecipada de bens (“rectius” da venda do estabelecimento)”, refere o requerimento sublinhando a “solução, que permitirá salvaguardar os postos de trabalho e, consequentemente, o próprio estabelecimento, evitando deteriorações e depreciações resultantes do encerramento”.

A Coelima – Indústrias Têxteis apresentou-se à insolvência no passado dia 14 de abril, na sequência da quebra de vendas “superior a 60%” provocada pela pandemia e da não aprovação das candidaturas que apresentou às linhas covid-19.

O anúncio da sentença de declaração de insolvência foi publicado em 22 de abril, com a empresa a apresentar um passivo de perto de 30 milhões de euros e cerca de 250 credores no final de 2020.

Em 26 de maio a administração da têxtil Coelima anunciou que não iria apresentar um plano de insolvência com vista à recuperação da empresa, por não estarem “reunidas as condições que permitam assegurar a manutenção da exploração”.

Empresas de Santo Tirso e Vizela propõem recuperar Coelima e manter trabalhadores

Duas empresas de Santo Tirso e de Vizela pretendem recuperar a Coelima, comprometendo-se a manter os postos de trabalho da têxtil que soma mais de 250 trabalhadores e que apresentou a insolvência em abril.

Este plano de recuperação da empresa a que a Lusa teve hoje acesso é apresentado pela Felpinter, com sede em Santo Tirso, e pela Mundotêxtil, de Vizela, e considera que a “manutenção da Coelima poderá vir, no futuro, a favorecer os credores”.

Refere ainda que a proposta de recuperação “não tem por fundamento a transmissão dos ativos da Coelima para uma sociedade veículo”, já que essa medida conduziria à extinção da empresa.

“O plano a propor aos credores pretende assegurar a existência e manutenção da Coelima e, nesse sentido, visará a recuperação da sociedade”, garantem a Felpinter e a Mundotêxtil, ao avançar que pretendem também a “manutenção dos seus postos de trabalho”.

Está, assim, prevista a “manutenção dos contratos de trabalho em vigor na têxtil”, com a assunção dos “créditos dos trabalhadores emergentes dos contratos de trabalho, decorrentes da sua violação ou cessação, bem como pelos encargos sociais correspondentes, vencidos até à data da transmissão”.

Caso seja aprovada esta proposta de recuperação, a Coelima fica ainda “exonerada da totalidade do passivo e responsabilidades decorrentes das atividades desenvolvidas até à decisão que venha a homologar o plano”.

Um outro consórcio com sede em Guimarães já manifestou a intenção de comprar a Coelima, propondo-se também, de acordo com a proposta que deu entrada no Tribunal, a manter os postos de trabalho, bem como a assunção dos direitos e antiguidade dos trabalhadores.

Este consórcio que pretende adquirir a Coelima, têxtil de Guimarães que completa 100 anos no próximo ano, é composto pelas sociedades R.TL., SA e José Fontão & Cia, Lda.

A Coelima – Indústrias Têxteis apresentou-se à insolvência em 14 de abril, na sequência da quebra de vendas “superior a 60%” provocada pela pandemia e da não aprovação das candidaturas que apresentou às linhas de apoio devido à covid-19.

“A empresa decidiu avançar com o pedido de insolvência, fruto da situação criada pela pandemia, que provocou uma forte redução das vendas e uma pressão sobre a tesouraria insustentável”, adiantou, na altura, à agência Lusa fonte oficial da têxtil.

O anúncio da sentença de declaração de insolvência foi publicado em 22 de abril, com a empresa a apresentar um passivo de perto de 30 milhões de euros e cerca de 250 credores no final de 2020.

Na última semana, a administração da têxtil anunciou que não vai apresentar um plano de insolvência com vista à recuperação da empresa, por não estarem “reunidas as condições que permitam assegurar a manutenção da exploração”.

“Ao longo das últimas semanas, a Coelima trabalhou ativamente no sentido de reunir os apoios necessários à sua recuperação e à viabilização da implementação de um plano de insolvência. Apesar de todo o empenho e trabalho desenvolvido, não foi possível à Coelima conseguir o compromisso das várias partes envolvidas tendo em vista a apresentação de um plano, pelo que a decisão sobre o futuro da empresa caberá aos seus credores”, avançou fonte oficial da empresa à Lusa.