“O fator decisivo para este título foi a união. A ideia era fazê-los acreditar que era possível”, contou Hélder Duarte, antigo guarda-redes de 41 anos, em entrevista à Lusa, na cidade da Beira, província de Sofala, no centro de Moçambique.

Hélder Duarte assumiu o comando técnico do Ferroviário da Beira em fevereiro, mas chegou a Moçambique para treinar o Black Bulls, clube pelo qual foi campeão moçambicano em 2021. Regressou a Portugal no ano seguinte, como treinador-adjunto do Famalicão, e tinha viagem marcada de novo para o Black Bulls na época que agora termina, mas divergências com o clube de Maputo levaram-no para o Ferroviário da Beira, clube que assinala em 2024 o centésimo aniversário.

O técnico português lembrou que assumiu uma equipa com 90% de jogadores que na temporada passada estavam a lutar para não descer de divisão, sublinhando, também, a importância de uma aposta que “ninguém queria”, em outros clubes.

“Nós só ficamos com jogadores que os Black Bulls [campeão de 2021] e o Songo [campeão de 2022] não quiseram e eu usei isso como gasolina para motivar a equipa”, acrescentou o técnico português, destacando os resultados positivos que tem registado na principal prova de futebol moçambicana.

O Ferroviário da Beira sagrou-se pela segunda vez campeão moçambicano, repetindo o êxito de 2016, ao somar 39 pontos, mais um do que o Black Bulls, segundo classificado.

“Eu sinto uma felicidade enorme, primeiro porque é a minha segunda participação no campeonato principal e em dois anos que participei ganhei dois títulos. E, só por isso, já sou um felizardo”, observou.

Hélder Duarte destacou na conquista deste título o apoio de um “povo que sabe lutar pelas suas causas”.

“O povo, quando é para lutar por uma causa, eles estão aqui. Nós tínhamos os estádios cheios e isso é um orgulho. Gosto muito do povo da Beira e serei sempre agradecido”, concluiu Hélder Duarte, cujo contrato com clube termina em dezembro e não descarta a possibilidade de continuar a comandar os “locomotivas de Chiveve”, que já apresentaram uma proposta de renovação.

Para o técnico natural de Paredes, a sua continuidade prende-se com a satisfação das condições para si e para os jogadores.

O segundo título do Ferroviário do Beira foi assegurado na 22.ª e última jornada do Moçambola, no passado domingo, com a vitória em casa frente à Associação Desportiva de Vilankulo, por 1-0.

Na derradeira jornada, uma vitória bastava ao Ferroviário da Beira para conquistar um título que lhe fugia desde 2016, mas só aos 71 minutos é que Amadou sossegou os adeptos da casa, ao marcar o único golo da partida.