“O meu grande objetivo é ser campeão nos dois ao mesmo tempo. Há tanta coisa que acontece nas duas épocas, ao mesmo tempo… É complicado, mas é um objetivo grande que tenho. Vamos ver o que acontece. Ainda tenho vários anos de carreira pela frente, mas é para isso que vou trabalhar”, assegurou o piloto português, em entrevista à Lusa.

Na Fórmula E, Félix da Costa ingressou na equipa oficial de fábrica da Porsche, depois de três épocas na DS Techeetah, onde foi campeão do mundo em 2020, enquanto no Mundial de Resistência estreou-se na categoria principal, dos hipercarros, após vencer na categoria de LMP2 em 2022, pela equipa Jota, na qual também conduz um Porsche.

“Tem sido uma experiência incrível. Na Fórmula E, sendo um piloto de fábrica, o apoio é ilimitado. Na Jota, basicamente sou ‘emprestado’ e é mais complicado, pois eu sei do que é que a fábrica é capaz e o que está a entregar aos carros de fábrica, mas levamos um ‘travão’ grande. Mete-me numa posição engraçada, mas complicada. Tem sido um ‘malabarismo’, mas acredito que tenho usado da melhor maneira o meu estatuto como piloto oficial, que é uma mais-valia e uma boa ligação entre a Jota e a Porsche”, atirou.

António Félix da Costa disputa mais do que um programa por época “já há cerca de 10 anos”, quando era piloto de testes na Fórmula 1, pela Red Bull, e entrou ainda no DTM (categoria de carros de turismo), com a BMW, focando-se agora nos programas atuais.

“Ter uma capacidade de adaptação muito rápida a carros diferentes, pneus diferentes, engenheiros diferentes e formas de trabalhar diferentes é uma coisa que adoro. A Jota tem uma equipa 100% inglesa e a Porsche é 100% alemã, ou seja, são mentalidades de trabalho muito diferentes. Se for um trabalho bem feito e conseguirmos mudar o ‘chip’ de forma rápida, só abre a nossa caixa de ferramentas aqui na cabeça e conseguirmos tornar a adaptação mais fácil, a que carro e a que circuito for”, explicou Félix da Costa.

Esta opção acaba por aumentar o trabalho, com “muitas viagens e muito tempo fora de casa”, mas um piloto de corridas, “na essência da palavra, quer é fazer corridas e quantas mais puder fazer num ano, melhor”, frisou o automobilista, natural de Cascais.

O piloto, de 32 anos, mostrou-se fã da Porsche desde sempre e, por isso, tem sido “um gosto correr” ao serviço da marca alemã: “É um orgulho poder representar a marca. Já ganhei corridas e o objetivo, na Fórmula E, é claramente ser campeão pela Porsche. Foi para isso que fiz esta mudança. Esta época, já demonstrámos ‘rasgos’ de performance e competitividade. É pôr tudo junto e ir ao ataque do campeonato do mundo de novo”.

A temporada de 2024 de Fórmula E, que terá início em janeiro, já está a ser preparada, com testes e “vários dias de simulador”, e Félix da Costa notou uma diferença positiva.

“As coisas estão a correr bem. Sinto uma diferença enorme, relativamente a 12 meses atrás, quando não sabia o nome das pessoas, dos engenheiros ou dos termos técnicos para este carro. Tem sido uma pré-época muito diferente, mais focada em qualificação e em irmos realmente ao fundo do problema que tivemos este ano. Por isso, prevejo que seja um início de época mais fácil para toda a gente. Estamos bem cientes do nível de competitividade que vamos ter à frente, mas é assim que gosto de trabalhar”, disse.

Na nona temporada da história da Fórmula E, António Félix da Costa, que competiu em todas as edições da categoria automobilística para monolugares elétricos, terminou na nona posição, com 93 pontos, contabilizando um triunfo e três pódios durante a época, mas ainda pode subir na classificação, devido a um protesto que aguarda um desfecho.