"Não estou a contar com isso", disse Snowden esta segunda-feira numa entrevista publicada pela Yahoo News.

Edward Snowden, perseguido nos Estados Unidos por ter passado a jornalistas milhares de documentos confidenciais que revelavam os vastos programas de vigilância da Internet criado após os atentados de 11 de Setembro de 2001, vive exilado na Rússia, onde pediu e lhe foi concedido asilo político.

Caso tente regressar aos EUA, Snowden será julgado por espionagem com penas que podem ir até 30 anos de prisão.

Desde setembro que existe em marcha uma campanha a pedir o perdão presidencial que conta com o apoio de várias personalidades que vão desde o empresário George Soros ao CEO do Twitter, Jack Dorsey.

A campanha alega que Snowden deve ser recebido no seu país como um herói por ter tomado uma decisão (a de entregar a informação confidencial aos media) que beneficiou a população, já que dela resultaram programas para controlar a vigilância sobre os norte-americanos e conduziram a leis de proteção da privacidade.

Os seus advogados reúnem esforços para que o perdão (ou um acordo que o impossibilite de passar mais de três décadas na cadeia) seja concedido antes que Obama deixe a presidência em janeiro.

Traidor

Durante a campanha eleitoral, o presidente eleito Donald Trump chegou a comentar um futuro regresso aos Estados Unidos por parte de Snowden, dizendo que este "é um total traidor" e que iria lidar com ele "duramente".

Snowden disse por várias vezes que estava preparado para voltar aos Estados Unidos caso tivesse a oportunidade de ter um julgamento imparcial, público e justo. No entanto, ao abrigo da Lei de Espionagem, sob a qual é acusado, alega que tal não é possível.

Na entrevista, quando lhe foi questionado sobre aquilo que diria a Obama, Snowden acabou por admitir que o seu caso colocou o presidente numa posição difícil. Porém, disse ter ficado animado com o comentário do presidente de que ele havia realizado um serviço público ao iniciar um debate sobre as práticas de vigilância.

"Há uma coisa que espero que ele entenda. E acho, com base nas suas declarações recentes, que entende. Ele disse que minhas ações, e este tipo jornalismo, levantaram preocupações legítimas", disse Snowden.

O autor de uma das maiores fugas de informação nos Estados Unidos esclareceu que o jornalismo está sob ameaça e as pessoas no governo sabem o que está a acontecer. "Particularmente quando as operações do governo começam a ultrapassar os limites, estes são mais importantes do que nunca", justificou.

"Quando algo está mal, não queremos nós que alguém se levante e diga algo sobre isso?", concluiu.