“De um modo geral, a SATA está na boa trajetória e está efetivamente a conseguir crescer, a conseguir receitas, a conseguir crescer muito em receitas”, disse Teresa Gonçalves à agência Lusa, no último dia como presidente do Conselho de Administração do grupo de aviação público dos Açores.

As companhias aéreas do Grupo SATA (Azores Airlines/SATA Internacional e SATA Air Açores) continuaram no primeiro trimestre de 2024 a trajetória de crescimento de passageiros e de receitas e atingiram em conjunto 68,9 milhões de euros (ME), num crescimento homólogo de 24%, foi hoje anunciado.

Na Azores Airlines, responsável pelas ligações do arquipélago com o exterior e atualmente em processo de privatização, os resultados líquidos naquele período ascenderam a 25,6 ME negativos (contra 22,7 ME negativos no período homólogo) e na SATA Air Açores, que faz as ligações entre ilhas, foram de 4,7 ME também negativos (o que representa uma melhoria de 2,3 ME face ao mesmo período de 2023).

De acordo com a presidente da SATA que hoje cessa funções, os custos da empresa “são mais desafiantes”.

“A operação, o contexto em que nós operamos, também cria estes desafios, porque, parecendo que não, operamos com condições meteorológicas muito adversas, muitas vezes temos que cancelar voos, temos que repor voos, temos que adiar voos. Portanto, isto, parecendo que não, cria-nos aqui muitos constrangimentos”, explicou.

Além disso, acrescentou, há poucos aviões e se um ou dois sofrerem alguma irregularidade operacional a situação pode desestabilizar toda a rede.

“Não obstante, acho que estamos a fazer um percurso de crescimento, estamos a fazer um percurso consistente de melhoria e de resultados e nós estamos satisfeitos com estes resultados do primeiro trimestre. Obviamente, seria muito melhor se tivéssemos resultados mais positivos, mas efetivamente, dado o trimestre que é, e dadas as condicionantes que tivemos, porque este ano fomos muito fustigados por mau tempo, […] acabámos por ter bons resultados”, admitiu.

Falando à Lusa acompanhada pelo administrador financeiro Dinis Modesto, que também cessa hoje funções, Teresa Gonçalves disse estarem ambos “muito esperançosos”, inclusive com um conjunto de rotas novas.

“Temos Milão, que está com uma procura muito interessante, e, portanto, a expectativa é que seja uma aposta vencedora. Temos Faro, que também é uma procura muito interessante. […] Reforçámos Montreal, reforçámos os voos em Boston”, apontou.

Na sua perspetiva, o verão deste ano vai ser interessante em termos de procura.

Teresa Gonçalves, que esteve na presidência da SATA durante um ano, lembrou que o grupo de aviação tem “tudo para agora conseguir evoluir bem”, até porque em 2023 ficou “acima do plano de reestruturação que tinha sido aprovado na Comissão Europeia”.

“E agora é continuar a trabalhar neste sentido. Obviamente que não se consegue recuperar uma empresa que está em grandes dificuldades como a SATA assim de um dia para o outro. Isso é impossível. São muitos anos de más práticas, são muitos anos de dívidas acumuladas e, portanto, efetivamente isto demora o seu tempo, mas lá chegaremos”, concluiu.

Teresa Gonçalves tomou posse como presidente do Grupo SATA em abril de 2023, após a saída de Luís Rodrigues para a liderança da TAP.

Em 09 de abril, o Governo Regional anunciou que Teresa Gonçalves se demitiu do cargo por “motivos pessoais”.