"Fizemos uma excelente campanha", afirmou Rui Rio, numa declaração perante uma sala cheia e que o aplaudiu longamente, com gritos "PSD, PSD".

"Não atingimos nem de longe, nem de perto os objetivos que queríamos e o PS é de longe o grande vencedor da noite", acrescentou, adiantando que perante uma maioria absoluta do PS não vê "como pode ser útil" ao seu partido.

"O partido decidirá, mas eu não estou a ver, neste enquadramento, como é que eu posso ser útil, com quatro anos em cima", acrescentou.

Durante a pré-campanha e a campanha para as eleições legislativas de hoje, Rui Rio tinha afastado a possibilidade de se demitir logo na noite eleitoral em caso de derrota do PSD, recordando a sua recente reeleição para mais dois anos de mandato, no final do ano passado.

Questionado se face aos resultados destas legislativas entende que tem condições para continuar a liderar o PSD, Rio começou por responder que sempre "disse que não estava preso a lugar nenhum, que estava com um completo desprendimento".

"Como também disse que a minha função aqui é uma missão, é prestar um serviço ao PSD e prestar um serviço a Portugal. Foi sempre isto que eu disse", prosseguiu, recebendo palmas de apoiantes presentes na sala.

Depois, o presidente do PSD considerou que num cenário de maioria absoluta do PS não vê como poderá "ser útil".

Interrogado se pensa que continuará a contar com o apoio do partido, Rui Rio respondeu: "Eu sou o primeiro a dizer que, estando numa perspetiva de serviço, que é sempre como eu estive, eu não consigo argumentar como é que posso ser útil ao partido. Só se alguém argumentar. Eu não consigo, neste momento, havendo quatro anos de maioria absoluta".

O presidente do PSD não afirmou explicitamente que se demitirá, mas abriu a porta a sair, se o PS tiver maioria absoluta nem adiantou que passos irá dar internamente.

O líder do PSD atribuiu esta derrota ao voto útil à esquerda: "houve um voto útil à esquerda absolutamente esmagador (...) e à direita isso não aconteceu", disse.

Questionado se esta vitória foi mais um mérito de António Costa ou um demérito seu, respondeu: “O PS tem o mérito de ter explicado à esquerda que ou votavam em massa no PS ou o primeiro-ministro era a pessoa indicada pelo PSD. E nós relativamente à direita não conseguimos isso, a direita dispersou e, portanto, não concentrou mais votos no PSD”.

Perante a insistência da comunicação social se a responsabilidade de não ter conseguido agregar mais voto útil era sua e da sua estratégia, Rio admitiu que “o primeiro responsável” é ele, mas rejeitou que o posicionamento que seguiu fosse errado.

“Continuo a achar que os portugueses não querem para primeiro-ministro alguém especializado em dizer mal dos outros, a dizer muito mal dos outros. Continuo a acreditar nisso. E a estratégia de captação do voto ao centro e do voto equilibrado, que é aquilo que é a matriz ideológica do PSD aconteceu”, insistiu.

Neste ponto, Rio reiterou que “o problema é que à esquerda o PS foi buscar milhares de votos ao BE e ao PCP”.

“Portanto, aquilo que nós crescemos ao centro não chegou para aquilo que o PS ganhou à esquerda, e depois à nossa direita não houve a concentração no PSD, houve um reforço do Chega e um reforço da Iniciativa Liberal. Ah, queria a outra frase. Quem é o primeiro responsável? Sou eu, quem é que havia de ser?"”, disse.