Segundo o x-candidato presidencial, Henrique Capriles, as forças armadas venezuelanas estão divididas entre uma "cúpula militar corrupta" e os restantes militares, afetados "pela pior crise económica da nossa história". "Esta cúpula obviamente vai defender Maduro, porque a queda de Maduro é a queda deles também", considerou o político. "Não quero dizer se (uma revolta militar) tem chances pequenas ou grandes, mas está no ar", adiantou. "Não queremos que isso aconteça. Se quiséssemos uma revolta militar, não estaríamos a exigir um [referendo] revogatório", disse.

Esta semana, Capriles, principal promotor do referendo, interpelou as forças armadas para saber se estão "com a Constituição ou com Maduro". A questão surge na sequência do anúncio do estado de exceção decretado pelo presidente do país e que com duração prevista de 60 dias. Tendo sido rejeitado pelo Congresso, este regime de excepção foi depois confirmado pelo Supremo Tribunal de Justiça e concede poderes especiais aos militares e a outras forças de segurança, inclusive a grupos civis, para manter a ordem interna e defender o país de agressões externas.

Também permite controlar as fontes de bens primários e de energia para enfrentar a escassez. "Se Maduro ordenar que as forças armadas tomem uma fábrica à força, as forças armadas terão que tomar a decisão sobre se vão com Maduro ou lhe dizem: 'Não vamos acatar ordens que estejam à margem da Constituição'", comentou Capriles. Sobre o referendo, que conta já com 1,8 milhão de assinaturas favoráveis, Capriles considerou que a sua realização não poderá ser travada: "vai chegar um momento em que para Maduro será inevitável, com toda a comunidade internacional e com todo o país a pedir". "Fechar a via democrática é lançar lenha na fogueira", concluiu.