O general falava no Instituto Universitário Militar (IUM), em Lisboa, perante um auditório de militares de várias nacionalidades e com a presença do chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, general Nunes da Fonseca, no âmbito da sua visita oficial às Forças Armadas portuguesas.

Questionado por um dos militares sobre a necessidade de terminar o conflito na Ucrânia, invadida pela Federação Russa há cerca de dois anos, Brieger salientou que a União Europeia deve fazer “tudo o que estiver ao seu alcance” para atingir esse fim, fornecendo meios, mas respeitando o facto de não estar diretamente envolvida na guerra.

“O que não podemos compensar são as perdas humanas das Forças Armadas ucranianas. Podemos ajudá-los a treinar, mas não podemos fornecer soldados”, defendeu o general.

A possibilidade de enviar tropas ocidentais para a Ucrânia foi levantada pelo Presidente da França, Emmanuel Macron, há três dias, quando, no final de uma cimeira em Paris, afirmou que não se podia descartar que os países da NATO enviassem tropas para aquele país, uma hipótese da qual praticamente todos os governos aliados se distanciaram rapidamente, com exceção dos países bálticos.

Hoje, o chefe de Estado francês garantiu que estas declarações não foram fortuitas, assegurando que “cada palavra” sobre o tema é “pensada e medida”.

O investimento em recursos para ganhar a guerra “é uma questão de vontade, de atuação e de aceitação de algum tipo de desvantagens para a nossa própria sociedade, que os nossos políticos têm de discutir com as suas respetivas comunidades”, salientou Brieger.

“Queremos prosperidade e estabilidade social e um bom sistema de riqueza para as nossas populações, mas para alcançar e preservar tudo isso precisamos primeiro de segurança”, realçou.

Interrogado sobre investimento em armamento nuclear por parte da UE, o general reconheceu que tem existido um “debate político e mediático relativamente intenso” sobre armas nucleares “nas mãos de estados-membros”.

O militar considerou-o “pouco urgente” e “pouco realista de momento”, salientando que a UE continua a beneficiar “da proteção nuclear dos EUA” e que a capacidade francesa “é muito limitada”, sendo “a única do lado europeu”.

“O que me parece muito mais importante seria reforçar as nossas capacidades convencionais. Modernizar as Forças Armadas europeias, fazer com que sejam mais interoperacionais e, desta forma, fortalecer o pilar europeu da NATO e se atingirmos isso, atingimos muito”, defendeu.

O general afastou também a hipótese de um ataque russo a países europeus, apesar de não o excluir por completo no futuro.

Salientou ainda que a UE “fez muito” desde o início da guerra na Ucrânia, mas reconheceu que terá de “fazer mais”.

“Não temos qualquer plano para a Rússia ganhar a guerra, não vamos aceitar isso”, frisou.

Sobre as Forças Armadas portuguesas, o general destacou a participação do país na missão europeia de treino em Moçambique.

Questionado sobre se o número de efetivos portugueses é suficiente para contribuir para a defesa europeia, o militar remeteu decisões relacionadas com recursos humanos para os governantes portugueses, realçando apenas que Portugal aumentou o seu orçamento em Defesa.

“Penso que devemos também ver o copo meio cheio e não meio vazio”, respondeu.