"A Polícia Judiciária, através da Diretoria do Norte, pelas 07:00 de hoje, desencadeou uma vasta operação policial com vista a dar cumprimento a 13 (treze) mandados de busca domiciliária e 9 (nove) de detenção fora de flagrante delito, emitidos pelo Ministério Público do DIAP do Porto, visando um conjunto de indivíduos sobre os quais recaem suspeitas de coautoria do homicídio qualificado ocorrido na madrugada do dia 08.05.2022, na cidade do Porto", lê-se no comunicado enviado pela PJ.

Fonte policial indicou à agência Lusa que um dos nove detidos é Marco Gonçalves (conhecido por Marco ‘Orelhas’), pai do jovem que se encontra detido por suspeita da morte do adepto.

Segundo a mesma nota, a "investigação desenvolvida pela Polícia Judiciária permitiu, no espaço de um mês, recolher indícios de que os suspeitos ora detidos, atuaram em conjugação de esforços nas agressões que provocaram a morte do jovem na referida data, estando, por isso, todos indiciados da coautoria nesse crime".

"Das buscas realizadas, as quais contaram com o apoio do Corpo de Intervenção da PSP do Porto, resultou a apreensão de relevantes elementos probatórios, os quais irão ser agora devidamente processados", lê-se ainda.

Este caso remonta ao incidente na madrugada de 8 de maio, na sequência dos festejos da conquista do campeonato nacional de futebol pelo FC Porto. “Na ocasião, um grupo de indivíduos, de entre os quais o arguido, perseguiu a vítima, alcançando e agredindo a mesma com murros e pontapés”, referia a nota da PJ emitida a 10 de maio.

A PJ contava ainda que, após intervenção de alguns populares, que também foram agredidos, a vítima afastou-se do local, mas viria a ser abordada pelo arguido que, “munido de uma arma branca de dimensões significativas, a atingiu repetidamente e com extrema violência, provocando-lhe a morte”.

No dia 10, fonte policial adiantou à agência Lusa que a morte de Igor Silva, de 26 anos, junto ao estádio do Dragão deveu-se a “questões pessoais” entre a vítima e o agressor, sendo que “em causa esteve uma questão pessoal, desavenças, entre a vítima, a família do arguido e o próprio arguido”.

O principal suspeito é Renato Gonçalves, de 19 anos, filho de Marco Gonçalves (conhecido por Marco ‘Orelhas’), empregado de limpeza e sem antecedentes criminais, que está em prisão preventiva desde 10 de maio, dia em que foi presente a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto, que determinou a aplicação da medida de coação mais gravosa, indiciado por homicídio qualificado.

A 16 de maio, o seu pai, Marco ‘Orelhas’, apresentou-se na Polícia Judiciária (PJ) do Porto e foi constituído arguido por ofensa à integridade física. 'Orelhas' saiu em liberdade, mas fonte policial adiantou desde logo que poderiam vir a ser constituídos outros arguidos no processo, pelas agressões a Igor Gonçalves cometidas antes do homicídio.

Na nota hoje enviada pela PJ, as autoridades dizem que os nove detidos têm "idades compreendidas entre os 20 e os 42 anos, alguns com vastos antecedentes criminais pela prática de crimes violentos" e "vão ser presentes à autoridade judiciária competente para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação tidas por adequadas".

A motivação para tal homicídio, adiantou fonte policial à Lusa, “não se tratou de disputa de territórios, nem de guerras entre 'gangues' armados, nem teve a ver com futebol”, acrescentando que, durante as agressões, não foram usadas armas de fogo, apenas a faca que o arguido usou para esfaquear mortalmente a vítima.