De acordo com o comunicado, a PJ participou numa operação — denominada "TOURNIQUET" — em conjunto com autoridades norte-americanas e com a Europol, através da sua Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica.

A operação visava identificar e deter os administradores do "mercado ilegal 'RaidForums', descrito pela PJ como "maior fórum de hackers do Mundo, cuja comunidade congregará mais de meio milhão de usuários" e que cujas atividades ilícitas consistem "na comercialização de credenciais para acesso a dados confidenciais exfiltrados ilicitamente, casos, entre outros, dos registos de eleitores dos EUA".

A investigação, feita ao longo de um ano, "culminou as detenções de vários suspeitos, as quais ocorreram na Europa e nos Estados Unidos da América" e permitiu "identificar um suspeito português como um dos principais administradores do “RaidForums”.

Apesar de não ser mencionado na nota da Polícia Judiciária, o FBI já revelou a identidade do português envolvido, ao fazer saber oficialmente que apresentou "acusações criminais contra o fundador e administrador [do RaidForums], Diogo Santos Coelho".

A apreensão do 'site' 'RaidForums' - "que facilitava a venda de dados roubados de milhões de pessoas em todo o mundo - e as acusações contra o administrador" desta plataforma "é um testamento da força das parcerias internacionais do FBI", refere a entidade no Twitter.

"O cibercrime ultrapassa fronteiras, razão pela qual o FBI está comprometido em trabalhar com os nossos parceiros para trazer os cibercriminosos perante a justiça" independentemente do sítio onde estejam no mundo ou atrás de quaisquer dispositivos que estejam a tentar esconder-se, asseverou o FBI.

A PJ adianta ainda que "parte da operação que foi desenvolvida em território nacional, com intervenção do MP através do DCIAP, contou com a colaboração da EUROPOL e de alguns serviços dos Estados Unidos". Estes serviços incluem o "US Secret Service (USSS), Federal Bureau of Investigation (FBI) e US Internal Revenue Service (USIRS)".

A ação dos agentes portugueses incidiu em "várias buscas domiciliárias que conduziram à apreensão de bens materiais de elevado valor monetário e de um acervo de bases de dados que permitirão determinar a total abrangência dos factos, recolha de prova, eventual recuperação da informação exfiltrada e cabal incriminação dos autores".

Já o comunicado da Europol especifica que o RaidForums tornou-se popular a vender "o acesso a bancos de dados roubados muito mediatizados de várias empresas norte-americanas em diferentes setores". "Os bancos de dados têm informações sobre milhões de cartões de crédito, números de contas bancárias", bem como nomes de utilizadores e palavras-chave associados necessários para aceder a contas 'online', referiram as autoridades europeias.

Na semana passada, a polícia alemã encerrou os servidores da Hydra, uma 'dark web' russa ligada a cinco mil milhões de dólares em transações desde 2015.

Português foi detido em Londres, mas tal não significa que vivesse no Reino Unido

Numa conferencia de imprensa em Lisboa, o diretor da Unidade de Combate ao Cibercrime, Carlos Cabreiro, deu detalhes da operação, já antes anunciada pela Europol.

O cidadão português foi detido em Londres, mas segundo Carlos Cabreiro isso não significa que vivesse no Reino Unido, mas sim que estava no Reino Unido, sendo que tem também residência em Portugal.

A extradição do jovem, disse o responsável, está a ser pedida pelos Estados Unidos.

Questionado pelos jornalistas, Carlos Cabreiro disse ser cedo para fazer ligações entre a atividade do fórum e recentes ciberataques ocorridos em Portugal, outros ciberataques em outros países ou manipulação de eleições nos Estados Unidos. “Não se apurou uma relação direta com as eleições norte-americanas”, disse.

A plataforma, um “fórum de informação de origem criminosa”, disponibilizava, por exemplo, informação sobre cartões de crédito, número de contas bancárias, credenciais de acesso ou senhas e nomes de utilizadores, explicou o diretor da Unidade de Combate ao Cibercrime da PJ.

Carlos Cabreiro admitiu que a informação a que as autoridades acederam agora poderá ser útil para desvendar alguns crimes informáticos e para a resolução de “centenas ou milhares” de investigações que estão a decorrer em todo o mundo, e disse que além do jovem português e dois cúmplices não há mais detidos, nem foi ninguém detido em Portugal relacionado com a investigação.

[Notícia atualizada às 20:33]