Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, considerou que a exoneração da mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), esta segunda-feira, revela que o Governo está “mais preocupado com a mudança de lugares e de cadeiras do que propriamente com a situação da instituição”.

“É isto que marca todos estes desenvolvimentos e que exige naturalmente um cabal esclarecimento: por um lado, sobre a situação da instituição. Por outro, também perceber afinal de contas qual é a perspetiva e a estratégia que o atual Governo tem para a instituição”, afirmou.

Paula Santos considerou que “o Governo está a fazer aquilo que criticava noutros” e sublinhou que o que está a acontecer na SCML não contribui em nada “para que se conheça e perceba qual é a situação da instituição”.

Questionada se considera que a provedora demissionária da SCML, Ana Jorge, se deve manter no cargo, Paula Santos referiu que o importante é que a gestão da instituição seja transparente, “independentemente de quem esteja com essa responsabilidade em concreto”.

“Estamos a falar de uma instituição que tem muitos e muitos trabalhadores, que prestam apoio a muitas e muitas pessoas, e toda esta situação que estamos a assistir, com todos estes desenvolvimentos, não contribuem para o esclarecimento que é necessário. É preciso transparência”, sustentou.

Já interrogada se considera que Pedro Mota Soares – que, segundo a revista Sábado, será o próximo provedor da SCML – tem condições para assumir o cargo, a líder parlamentar comunista respondeu: “A questão é: qual é a perspetiva que o Governo tem para aquela instituição?”.

“Não houve referências relativamente a essa matéria. O que se conheceu no final do dia de ontem [segunda-feira] e durante o dia de hoje, até este momento, é de facto mais uma discussão de lugares e de cadeiras do que propriamente da situação em concreto”, referiu.

O Governo anunciou na segunda-feira que a administração da SCML foi exonerada “com efeitos imediatos”, justificando a decisão por a equipa “se ter revelado incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros e operacionais da instituição”.

A SCML era atualmente dirigida pela ex-ministra da Saúde socialista Ana Jorge, que exercia funções de provedora há cerca de um ano, sendo a restante Mesa da SCML constituída por uma vice-provedora e quatro vogais.

“Infelizmente, esta decisão tornou-se inevitável por a Mesa, agora cessante, se ter revelado incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros e operacionais da instituição, o que poderá a curto prazo comprometer a fundamental tarefa de ação social que lhe compete”, justificou o executivo em comunicado.