“Os dados que temos até agora mostram que 34 pessoas morreram entre 19 e 23 de abril. Isto já é mais do que a morte de 24 pessoas em três meses, entre abril e junho de 2023, com sintomas semelhantes”, disse à agência noticiosa espanhola EFE a porta-voz da organização sem fins lucrativos bangladeshiana Foundation for Disaster Fórum, Meherunnisa Jhumur, .

O Departamento Meteorológico de Bangladesh (BMD) emitiu um alerta vermelho de calor no país a 22 de abril com duração de 72 horas, que termina hoje.

“Devido ao crescente influxo de humidade, o desconforto pode aumentar”, disse o BMD no boletim meteorológico de emergência.

Geralmente, abril é o mês mais quente neste país asiático, mas, este ano, “o calor está a ser sentido intensamente, pois não há sinais de chuva”.

“É pouco provável que melhore até ao final deste mês”, disse à EFE o meteorologista da BMD Tarikul Newaz.

O Bangladesh registou a temperatura mais alta do ano, 42,6 graus Celsius, no distrito de Chuadanga, no noroeste, a 20 de abril, valor considerado pelos especialistas como integrado numa onda de calor “muito severa”.

Daca, com uma máxima de 40,6°C este ano, registou a temperatura mais elevada na cidade em 58 anos, com as ruas praticamente desertas face à intensidade do sol.

Domingo, as autoridades ordenaram o encerramento de escolas e faculdades durante uma semana, enquanto a maioria das universidades públicas oferece aulas ‘online’.

Outros milhões de pessoas enfrentam calor extremo em bairros de lata em expansão, sem acesso a água e eletricidade adequadas na capital do Bangladesh e noutras cidades do país.

Em Banguecoque, que pode chegar aos 40 graus, o Departamento Meteorológico tailandês emitiu um alerta para uma onda de calor extremo, com temperaturas previstas até 44 graus, que podem ser ultrapassadas em várias localidades do país — terça-feira chegou aos 44,2 graus na província de Lampang (norte).

Os registos aproximam-se dos 44,6 graus que a província de Tak (noroeste) atingiu no ano passado, a temperatura mais elevada alguma vez detetada no país asiático, que, pelo segundo ano consecutivo, regista um calor extremo no mês de abril, normalmente o mais quente antes do início da estação chuvosa.

Também no Camboja, as autoridades emitiram um alerta para os próximos três dias, prevendo-se que as temperaturas cheguem aos 39 graus em algumas partes do país.

A onda de calor também é sentida noutros países da região, como a Malásia, que emitiu um alerta de calor em dez áreas do país, lembrando às crianças em idade escolar que bebam água suficiente para evitar problemas de saúde, como desidratação.

Este nível de alerta é emitido quando as temperaturas ficam entre 35 e 37 graus durante três dias consecutivos.

Nas Filipinas, o Instituto Meteorológico também alertou para temperaturas de até 38 graus na cidade de Tuguegarao, no norte do país, enquanto em Manila, capital, os termómetros deverão rondar os 35 graus.

Ao calor típico destas datas na zona, agravado nos últimos anos pela crise climática, junta-se o fenómeno ‘El Niño’, que traz maior secura e calor.

O ‘El Niño’ provoca o aumento das temperaturas que agravam os efeitos das alterações climáticas, enquanto o ‘La Niña’ é uma fase mais fria e húmida.

Em outubro de 2023, a ONU e a Cruz Vermelha indicaram num relatório conjunto que as ondas de calor serão mais frequentes, intensas e mortais no futuro devido às alterações climáticas, podendo mesmo “ultrapassar os limites humanos, psicológicos e sociais” em regiões como a Sahel, o Corno de África ou Sul da Ásia.