Quando a pandemia apareceu, as vacinas — futuro distante — eram a solução; quando as vacinas apareceram — presente brilhante —, a má distribuição era o risco de novas erupções; quando a ómicron apareceu nos países onde as vacinas não chegaram — inesperada variante — as nações ricas ficaram em pânico.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, mostrou-se hoje "muito preocupado" pelo isolamento da África Austral (no caso Português, África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Moçambique, Namíbia e Zimbabué), no seguimento da descoberta da variante Ómicron nesta região.

"O povo africano não pode ser responsabilizado pelo nível imoralmente baixo das vacinas disponíveis em África, e não deve ser penalizado por ter identificado e partilhado as informações científicas e sanitárias essenciais com o mundo", disse Guterres, citado num comunicado pela agência francesa de notícias, a AFP.

Em causa estão a proibição às viagens oriundas da África Austral, que vários países já tomaram para tentar conter a propagação da nova variante do vírus que causou a pandemia de Covid-19.

A variante Ómicron foi recentemente detetada na África do Sul e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o “elevado número de mutações” pode implicar uma maior infecciosidade. O surto na África do Sul tem atingido mais as pessoas com idades entre os 20 e os 30 anos e os médicos enfatizam que os sintomas da covid-19 são frequentemente ligeiros nesse grupo etário.

Hoje, a OMS recomendou aos seus estados-membros ações prioritárias que aumentem o nível de prontidão na resposta à nova variante do coronavírus SARS-CoV-2, Ómicron, como alertas precoces e planos de mitigação nos sistemas de saúde.

Num comunicado, a OMS pede que os países garantam que têm ao dispor sistemas de alerta precoce e planos de mitigação que mantenham os serviços de saúde essenciais a funcionar por forma a responder a potenciais surtos.

Pede ainda aos Estados que comuniquem regularmente informação científica sobre a Ómicron e outras variantes em circulação do coronavírus que provoca a doença covid-19.

A OMS alerta que “o risco geral associado à Ómicron é considerado muito alto por um conjunto de razões”, entre as quais o facto de o risco global associado à covid-19 se manter de forma genericamente muito elevado e os “preocupantes”, ainda que preliminares, dados científicos apontarem para que a variante escape à imunidade já atingida e tenha um nível de transmissibilidade mais elevado.

Estas condições podem “conduzir a surtos futuros com consequências severas”, refere a OMS, ainda que ressalve que esta avaliação científica ainda se reveste de “considerável incerteza” e que a informação vai continuar a ser atualizada.

Em Portugal, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) identificou em Portugal 13 casos de infeção com a variante Ómicron, foi hoje anunciado.

Em comunicado conjunto do INSA e da Direção Geral da Saúde (DGS) é revelado que os ensaios preliminares efetuados no INSA "sugerem, fortemente, que todos os 13 casos associados aos jogadores do Belenenses SAD estejam relacionados com a variante de preocupação Ómicron".

O INSA escreve ainda que, nas análises a casos de infeção de jogadores do Belenenses SAD, através do seu Departamento de Doenças Infecciosas, analisou, no domingo, um lote de 13 amostras positivas associadas a casos de infeção de jogadores do Belenenses SAD, dado que um dos casos positivos terá tido uma viagem recente à África do Sul.