“Há muito apoio [no Conselho Europeu, entre os líderes da UE], mas a questão é claro sobre os ‘frugais’ e, em relação aos ‘frugais’, há alguns que são mesmo abertos à ideia, outros que dizem que não, mas também há pelo menos um país - apesar de não ser o maior -, que diz que ‘não, de modo algum’, dizendo que nunca fizemos isso”, afirmou Kaja Kallas, em entrevista à agência Lusa em Bruxelas.

“Mas não, já o fizemos com o Fundo de Recuperação da UE e era impensável anteriormente, por isso, não creio que estes argumentos sejam válidos”, acrescentou a responsável.

A posição surge quando o antigo primeiro-ministro italiano Enrico Letta divulga um relatório sobre o mercado interno, no qual defende “um mercado comum da indústria da defesa” para “promover a paz e reforçar a segurança”, com iniciativas como emissão de dívida conjunta com planos de reembolsos claros, empréstimos em condições favoráveis e apoio do Banco Europeu de Investimento para financiar o investimento da UE nesta área.

“O problema que estamos a tentar resolver é o financiamento de que precisamos para investir em defesa. Se concordarmos com o princípio geral, podemos concordar com as condições, e penso que é muito bom que Enrico Letta também apoie esta ideia, considerando-a necessária”, afirmou Kaja Kallas.

“Só lamento que, quando tivemos a oportunidade de alterar a revisão do Quadro Financeiro Plurianual, eu tenha proposto utilizar de forma diferente os fundos que lá temos [para a defesa]” e não tenha sido possível avançar, criticou.

Kaja Kalla adiantou ser agora necessário “abordar as questões que existem atualmente”.

O debate surge numa altura em que se estima que a UE necessite de 100 mil milhões de euros para responder às lacunas de investimento em defesa e segurança e para reforçar a capacidade e apoiar a Ucrânia devido à invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022.

Depois de uma emissão de dívida conjunta bem-sucedida aquando da covid-19, que permitiu suportar os Planos de Recuperação e Resiliência, discute-se agora repetir essa iniciativa na UE para obter os recursos orçamentais necessários para reforçar a indústria de defesa, solução colocada em cima da mesa após a invasão russa da Ucrânia.