De acordo com uma nota publicada no sítio oficial da Presidência da República Portuguesa na Internet, nesta conversa “foi referida a visita, no mês que vem”, de Marcelo Rebelo de Sousa a Timor-Leste “para participar nas comemorações do 20.º aniversário da independência e estar presente na tomada de posse do novo Presidente”, em 20 de maio.

Na segunda volta das eleições presidenciais em Timor-Leste, na terça-feira, José Ramos-Horta foi eleito Presidente da República, com 62,09% dos votos, derrotando o atual chefe de Estado timorense, Francisco Guterres Lú-Olo, segundo resultados finais provisórios.

“Ao tomar conhecimento dos resultados eleitorais, o Presidente da República falou esta manhã ao telefone com José Ramos Horta, a quem transmitiu, em nome do povo português e no seu próprio, as mais calorosas felicitações pela eleição como Presidente da República de Timor-Leste, fazendo sinceros votos de sucesso para o exercício das nobres funções que será novamente chamado a desempenhar”, lê-se na nota divulgada.

Sobre este ato eleitoral, Marcelo Rebelo de Sousa considera que, “no ano em que se celebram os 20 anos da independência de Timor-Leste, é grato constatar o compromisso tão expressivo do povo timorense com os princípios e valores da democracia, solidariedade, progresso, diálogo e, na agenda externa, multilateralismo e amizade”.

Na mesma nota acrescenta-se que ”os dois estadistas reiteraram que a estreita e diversificada cooperação que caracteriza o relacionamento entre os dois países irmãos continuará certamente a ser aprofundada, não só a nível bilateral, mas também no quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”.

Marcelo Rebelo de Sousa anunciou em novembro do ano passado uma visita a Timor-Leste — onde nunca esteve enquanto Presidente da República — em 2022, por ocasião dos 20 anos da restauração da independência.

José Ramos-Horta foi porta-voz da resistência timorense durante a ocupação indonésia e em 1996 recebeu o Prémio Nobel da Paz em conjunto com o bispo timorense Ximenes Belo. Depois da independência, foi ministro dos Negócios Estrangeiros, primeiro-ministro e Presidente da República.

Governo português felicita Ramos-Horta e saúda o seu "exemplo democrático"

“José Ramos-Horta, um dos rostos mais relevantes da luta pela autodeterminação do Povo timorense, foi eleito Presidente da República. Parabéns pelo exemplo democrático! Portugal é e sempre será um parceiro e um aliado empenhado de Timor-Leste”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros através da rede social Twitter.

Também o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, falou hoje por telefone com José Ramos-Horta, a quem transmitiu "calorosas felicitações" pela eleição para Presidente da República de Timor-Leste e expressou "sinceros votos de sucesso".

Em número absoluto de votos, José Ramos-Horta registou um aumento de cerca de 31% face à primeira volta, enquanto Francisco Guterres Lú-Olo aumentou o seu apoio em mais de 68% relativamente ao registado na primeira volta, quando havia ainda 14 outros candidatos.

Dados da contagem do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), concluída mais de 24 horas depois do fecho das urnas, confirmam que Ramos-Horta obteve 397.145 votos, ou 62,09%, contra os 242.440 votos de Lú-OLo, que obteve 37,91% na segunda volta das presidenciais, que decorreram na terça-feira.

Apesar dos receios iniciais durante a jornada eleitoral, a abstenção foi praticamente idêntica, subindo de 24,72% na primeira volta para 24,83% na segunda.

Lú-Olo venceu apenas em dois municípios, Baucau e Viqueque, com a perda histórica do município de Lautem, um dos feudos tradicionais da Fretilin, e que na segunda volta foi um dos locais onde a participação mais caiu.

O resultado final em Lautem, porém, pode ainda mudar já que a diferença entre os dois candidatos é de apenas 59 votos, mas há um total de 74 votos ‘reclamados’, cuja atribuição final depende agora do escrutínio de verificação conduzido pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Os resultados finais terão agora de ser verificados pela CNE antes da sua validação final pelo Tribunal de Recurso.

José Ramos-Horta toma posse no dia 20 de maio, data em que se cumprem 20 anos da restauração da independência.