"A unidade especial de investigação [da Procuradoria de Tóquio] pediu ao Tribunal Distrital de Tóquio a realização de um julgamento para ambos os arguidos" em relação às acusações, disseram os procuradores num comunicado.

Michael Taylor, ex-membro das forças especiais dos Estados Unidos e que trabalhava para o setor de segurança privada, e o seu filho Peter foram extraditados dos Estados Unidos no início de março, depois de esgotarem todas as possibilidades de recursos. Os dois foram levados para o centro de detenção de Kosuge, em Tóquio, onde Ghosn permaneceu detido entre novembro de 2018 e abril de 2019.

Os Taylor foram detidos em maio de 2020 pela justiça americana, com base buma ordem de prisão japonesa. Eles permaneceram detidos nos Estados Unidos devido ao seu "elevado risco de fuga".

Em 31 de dezembro de 2019 os japoneses foram apanhados de surpresa ao descobrir que o seu réu mais famoso, Carlos Ghosn, tinha conseguido fugir para o Líbano.

Dois dias antes, quando estava em liberdade sob fiança para aguardar o julgamento por uma suposta fraude financeira na Nissan, o franco-libanês-brasileiro deixou Tóquio de maneira discreta e seguiu até Osaka, no oeste do Japão, num comboio com os dois cúmplices.

As autoridades suspeitam de que tenha passado os controlos do aeroporto internacional de Kansai, perto de Osaka, escondido numa grande caixa de equipamentos de áudio a bordo de um avião privado. Na época, o controlo de equipamentos não era obrigatório no Japão para este tipo de aviões.

Ghosn desembarcou em Beirute em 30 de dezembro de 2019, após uma escala em Istambul.

Um documento da justiça americana destaca "uma das fugas mais descaradas e melhor planeadas da história recente".

O executivo do setor automobilístico que caiu em desgraça, objeto de um pedido de detenção da Interpol, permanece fora do alcance da justiça japonesa porque o Líbano não extradita os seus cidadãos. Todavia, a justiça libanesa proibiu-o de sair do país.