IL

O presidente da Iniciativa Liberal defendeu hoje o reforço do apoio militar à Ucrânia e mais sanções à Rússia, e agradeceu o “testemunho vivo e direto” do Presidente Zelensky.

No final da sessão solene de boas-vindas ao Presidente da Ucrânia, na Assembleia da República, João Cotrim Figueiredo salientou que “a luta da Ucrânia é por si própria, mas também por todos nós”.

“Tivemos ocasião de ouvir do Presidente Zelensky um testemunho vivo e direto do que se passa na Ucrânia e dos sacrifícios que os ucranianos estão a fazer em nome da sua integridade territorial e da democracia liberal”, afirmou, em declarações aos jornalistas.

O deputado da Iniciativa Liberal apoiou o apelo do Presidente da Ucrânia para a continuação e reforço do apoio de Portugal.

“Apoios que não podem ser só logísticos e humanitários, têm de ser também em material militar. Espero que a presença do Governo signifique a anuência da continuação do apoio”, apelou.

Cotrim Figueiredo salientou a referência feita pelo Presidente Zelensky às comemorações do 25 de Abril, na segunda-feira, e anunciou que na marcha que a Iniciativa Liberal fará nesse dia na Avenida da Liberdade, em Lisboa, contará com “várias organizações de ucranianos residentes em Portugal”.

“Celebramos o dia da defesa da liberdade em todos os países onde ela estiver a ser atacada”, sublinhou.

Questionado se Portugal pode fazer mais no apoio à pretensão da Ucrânia ver consagrado o estatuto de candidato à adesão à União Europeia, o presidente da IL considerou que “essa defesa tem sido robusta e suficiente”

“Coisa bem diferente é ser mais assertivo na escalada de sanções que têm de ser aplicadas a Rússia”, disse, defendendo o embargo total ao petróleo e gás russos.

PSD

O PSD pediu ao Governo português que responda positivamente ao apelo do Presidente Zelensky de mais apoio diplomático e militar, dizendo que “é preciso passar das palavras aos atos”.

No final da sessão solene, o líder parlamentar do PSD, Paulo Mota Pinto, classificou o discurso de Zelensky como “duro e tocante”.

“O Governo português deve sem hesitação promover todo o apoio diplomático e militar ao alcance de Portugal às vítimas desta invasão”, afirmou, defendendo que o executivo deve “corresponder positivamente” ao apelo feito hoje.

Para o PSD, esse apoio deve ser feito quer no plano de envio de armamento, quer diplomático, a nível da União Europeia e da NATO.

“Queremos também associar-nos ao discurso do Presidente da Assembleia da República, que representou condignamente Portugal, é preciso passar das palavras aos atos”, apelou Paulo Mota Pinto.

Questionado sobre a ausência do PCP desta sessão solene, o líder parlamentar do PSD considerou que “vem na linha do que o partido pratica há muitos anos”.

“Não é a primeira vez que o PCP faz isto, defender regimes opressores e ditaduras, o que é de estranhar é que o PS tenha aceitado o apoio deste partido e que o PCP estivesse aliado consigo até há pouco tempo”, criticou.

Interrogado sobre que tipo de pressão irá o PSD fazer para que Portugal reforce o seu apoio à Ucrânia, Mota Pinto defendeu que se trata de “matéria executiva”.

“Gostaríamos que se passasse aos atos (…) Também nos parece incompreensível que, neste quadro, haja limitações ao Orçamento da Defesa. Portugal ainda recentemente revê de enviar militares por transporte privado”, lamentou, apelando a um reforço orçamental para esta área.

“Foi um discurso que tocou todos os deputados que estavam presentes e que não pode deixar de tocar todos os que viram as imagens dos massacres de mulheres, de crianças e civis inocentes pelo invasor russo”, resumiu Mota Pinto.

PCP

O PCP considerou que a referência que o Presidente da Ucrânia fez ao 25 de Abril durante a sua intervenção, por videoconferência, na Assembleia da República, “é um insulto” à Revolução dos Cravos.

“A revolução de Abril foi feita para pôr fim ao fascismo e à guerra. É um insulto esta declaração [de Volodymyr Zelensky] que faz referência ao 25 de Abril. O 25 de Abril em Portugal foi para libertar e contribuiu para a libertação dos antifascistas. Na Ucrânia estão a ser presos”, argumentou a líder parlamentar comunista, Paula Santos, nos Passos Perdidos do parlamento.

PS

O PS destacou hoje a referência feita pelo Presidente da Ucrânia à liberdade conquistada pelo 25 de Abril e defendeu que o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia se concluirá com este país em paz.

“A sessão solene que tivemos na Assembleia da República tem um particular simbolismo, o primeiro por se ouvir o Presidente da Ucrânia, um homem que lidera e defende a liberdade do seu povo. Por outro lado, o povo português, representado pelos 230 deputados, teve a oportunidade de mais uma vez de expressar o seu apoio e solidariedade”, declarou o presidente da bancada socialista, Eurico Brilhante Dias.

O ex-secretário de Estado referiu depois que se está hoje a quatro dias das comemorações do 48º aniversário da revolução do 25 de Abril de 1974.

“A evocação pelo Presidente Zelensky do 25 de Abril tem um especial significado, porque é a luta pela liberdade”, apontou.

O presidente do Grupo Parlamentar do PS insistiu que “este é o momento para se estar ao lado daqueles que sofrem, que lutam e que dão a sua vida pela liberdade e pela democracia”.

“Portugal tem dado apoio à Ucrânia no seu processo de aproximação às instituições europeias”, defendeu, depois de interrogado sobre a posição portuguesa relativamente a este processo.

Neste ponto, Eurico Brilhante Dias lembrou que recentemente, em Kiev, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, entregou a Zelensky os critérios de Copenhaga para a adesão do seu país à União Europeia.

“Sabemos que a entrega dos critérios de admissão dos candidatos à União Europeia é uma entrega simbólica. Percebemos que a adesão da Ucrânia se fará sempre num quadro de paz e de consolidação da paz”, considerou.

A seguir, o líder parlamentar do PS citou o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva: “Este é o momento de lutar pela paz”.

“No PS nunca confundimos o agressor com o agredido. A paz constrói-se apoiando o agredido e lutando por essa paz”, acentuou.

Interrogado sobre o que Portugal pode fazer mais em auxílio da Ucrânia, para combater a invasão militar russa, Eurico Brilhante Dias defendeu que Portugal “pode continuar a dar o apoio humanitário que tem dado”, quer no acolhimento de refugiados, quer no envio de bens essenciais “para permitir a resistência do povo ucraniano”.

“Nesse conjunto de bens, naturalmente incluo o apoio militar. Portugal pode também no quadro da União Europeia, enquanto Estado-membro, pode continuar a aprovar sanções dirigidas fundamentalmente aos setores financeiro e energético da Federação da Rússia. Enquanto membro da NATO, Portugal pode continuar a apoiar os Estados-membros da Aliança Atlântica que têm fronteiras com a Federação da Rússia e que precisam de mais recursos de dissuasão”, acrescentou.

Chega

O líder do Chega defendeu que os atores políticos devem ser “sensíveis e recetivos” ao "pedido de ajuda" do Presidente ucraniano e Portugal deve influenciar os restantes Estados-membros com vista à integração da Ucrânia na União Europeia.

Em declarações aos jornalistas, André Ventura saudou Volodymyr Zelensky por “não ter medo e ter a humildade de pedir ajuda”.

“Acho que Portugal hoje, nos seus vários poderes, o Presidente, o primeiro-ministro e o parlamento todos ouvimos o mesmo repto, todos ouvimos o pedido de ajuda, todos ouvimos o pedido de solidariedade em vários níveis e é a esse pedido que devemos ser sensíveis e recetivos”, salientou.

O presidente do Chega considerou também que Portugal deve fazer “tudo o que estiver” ao seu alcance “do ponto de vista militar para apoiar a Ucrânia neste momento difícil”.

Como “membro influente da União Europeia, deve “usar essa influência e essa atitude de algum condicionamento para convencer” os outros Estados-membros “de que é importante que a Ucrânia seja acolhida na família europeia, que seja acolhida na União Europeia, independentemente do modelo e da forma temporária como esse acolhimento pode ser feito”.

“Fica claro que a União Europeia é o único possível parceiro que a Ucrânia tem frente à ameaça e à agressão russas”, defendeu.

Aos jornalistas, André Ventura criticou também a “indignidade da não presença” dos deputados do PCP nesta sessão de boas-vindas.

PAN

A porta-voz do PAN saudou que o parlamento tenha aprovado a sua proposta de uma sessão solene com o Presidente da Ucrânia, mas defendeu que “o Estado português ainda não fez tudo o que estava ao seu alcance”.

No final da sessão solene, Inês Sousa Real destacou “a crueza das palavras” de Volodymyr Zelensky.

“Todos os gestos contam, não só diplomáticos, mas também acolher o que nos foi pedido: por um lado, ajuda militar para que possam defender o povo ucraniano e a soberania do seu território. Por outro lado, que se vá atrás dos bens dos oligarcas russos”, afirmou, considerando que “o Estado português ainda não fez tudo o que estava ao seu alcance” na segunda parte.

A deputada única do PAN recordou a proposta do partido sobre o perdão da dívida ucraniano e salientou a importância da integração dos cidadãos da Ucrânia em Portugal.

“Lamentamos que nem todas as forças políticas de forma unânime tenham apoiado esta iniciativa”, realçou, numa referência à ausência do PCP da sessão solene.

Inês Sousa Real destacou a referência, no seu discurso, do Presidente da Ucrânia ao 25 de Abril e aos valores da liberdade e democracia associados a esta Revolução.

“É evidente que devemos estar solidários e recordar que a história nos ensina que a democracia e a liberdade não podem ser dadas como adquiridas e que são um bem a preservar e salvaguardar seja onde for”, apelou.

BE

A coordenadora do BE, Catarina Martins, aplaudiu hoje a "resistência do povo ucraniano" face à invasão da Rússia e considerou que o país tem de ser apoiado, pedindo "posições fortes contra o regime de Putin".

"Hoje, o parlamento português recebeu o chefe de Estado de um povo que está a resistir a essa invasão e o Bloco de Esquerda aplaude a resistência do povo ucraniano e demonstra a sua solidariedade para com a Ucrânia e a sua absoluta certeza de que a Ucrânia tem de ter direito a ser respeitada na sua integridade", afirmou a líder do BE em declarações aos jornalistas após a sessão solene de boas-vindas na qual o Presidente da Ucrânia se dirigiu à Assembleia da República.

Considerando que "a invasão russa à Ucrânia é um ato de guerra ilegal que não encontra justificação nem atenuantes", Catarina Martins salientou que "é preciso apoiar a resistência ucraniana" porque "o povo ucraniano tem o direito a resistir à invasão e portanto deve ser apoiado".

E defendeu que esse apoio deve ser "feito por via das sanções ao regime de Putin para que ele não tenha dinheiro para fazer guerra à Ucrânia", mas também ao nível do "acolhimento a todos aqueles e aquelas que saem da Ucrânia e precisam de refúgio".

"E é seguramente também um apoio fundamental que haja uma intervenção diplomática internacional para um caminho para a paz que tem de passar por negociações que, sob a égide da ONU, exijam a retirada imediata das tropas russa do território ucraniano, como aliás o Presidente Zelensky já propôs em tempos, mostrando também a sua abertura para um estatuto de neutralidade da Ucrânia que pudesse abrir esse caminho", afirmou a bloquista.

Catarina Martins apontou que "nenhum país deve desistir de, através da diplomacia, criar um caminho para a paz", no qual "será preciso também posições fortes contra o regime de Putin e de sanções e posições claras de afirmar o direito do povo ucraniano a resistir a uma invasão".

Livre

O fundador do Livre afirmou que “foi uma honra e um privilégio”, mas também “uma responsabilidade”, ouvir hoje o discurso do Presidente da Ucrânia parlamento português, considerando que os valores que defende na Europa são os de Abril.

No final da sessão solene de boas-vindas ao Presidente Volodymyr Zelensky, na Assembleia da República, o deputado único do Livre Rui Tavares apontou a responsabilidade de Portugal “pugnar pela unidade europeia frente ao uma agressão neoimperialista” da Rússia.

“E lutar para que os ucranianos tenham condições para se poderem defender e lutarem por eles e por nós”, disse, apelando a que os deputados no parlamento sejam “convictos, vigorosos e imaginativos” na defesa de soluções que permitam “ultrapassar bloqueios europeus” em relação à defesa da Ucrânia.

Rui Tavares recordou as propostas do Livre de criar uma conta fiduciária para que a União Europeia deixe de “financiar a guerra de Vladimir Putin através da compra de gás e petróleo russos” e de julgar os criminosos de guerra no Tribunal Penal Internacional de Haia, a começar pelo Presidente da Federação Russa.

“Foi bonito ouvir o presidente Zelensky falar do 25 de Abril, foi uma lição importante”, afirmou o deputado, que envergou na sessão solene um cravo para sinalizar que os valores de Abril incluem os da autodeterminação dos povos e do anti-imperialismo.

Para Rui Tavares, “os valores que a Ucrânia defende na Europa são os valores de Abril”, lamentando a ausência do PCP da sessão solene.

“É de todo incompreensível que o PCP não tenha prestado o devido respeito ao povo da Ucrânia ouvindo o presidente democraticamente eleito desse povo”, disse, acrescentando que ouvir Zelensky “não significa concordar com ele em tudo”.

“O que queremos para Portugal desde 25 de Abril é o que defendemos para os ucranianos”, reforçou.

CDS-PP

O presidente do CDS-PP afirmou hoje que, mesmo o partido já não estando no parlamento, quis marcar presença na sessão solene de boas-vindas ao Presidente da Ucrânia, considerando ser um "momento histórico", e deixou críticas ao PCP.

"Nós hoje assistimos a um momento evidentemente histórico e neste momento histórico ali dentro não estiveram os deputados do PCP, que elegeram deputados à Assembleia da República. Em compensação, o CDS não elegeu deputados à Assembleia da República mas nós estamos aqui, e fizemos questão de estar aqui hoje porque esta é realmente a casa mãe da democracia", afirmou Nuno Melo.

O líder centrista falava aos jornalistas no final da sessão solene de boas-vindas ao Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que se dirigiu ao parlamento português por videoconferência. Os deputados do PCP não estiveram presentes.

Nuno Melo considerou que "o que hoje aqui se esteve a discutir e o que esteve em causa foi a opção por uma de duas circunstâncias da vida: ou a defesa das democracias ou ficar do lado das ditaduras, ou estar do lado do respeito pelos direitos humanos ou pelo contrário ter um discurso justificativo, mesmo pela ausência, de quem os viola".

Apesar de o CDS-PP ter perdido a representação na Assembleia da República pela primeira vez em mais de 40 anos, Nuno Melo (também eurodeputado) e o antigo líder parlamentar Telmo Correia marcaram presença, tendo assistido à cerimónia nas galerias da Sala das Sessões.

"O lugar do CDS é junto dos democratas e num dia como hoje nunca o CDS poderia deixar de comparecer", justificou, afirmando que "é pela democracia, é pelo respeito pelos direitos humanos, é pela liberdade".

E salientou que, se no Parlamento Europeu tem, "através do PPE, estado do lado, como o CDS, desta luta justa dos ucranianos contra a opressão, por maioria de razão essa luta deve começar aqui em Portugal".

O discurso de Zelensky

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu hoje armamento pesado e o reforço das sanções à Rússia, num discurso por videoconferência perante o parlamento português.

"Peço aceleração e reforço das sanções e também apoio militar, armamento", afirmou o chefe de Estado ucraniano, que pediu especificamente "armamento pesado", numa sessão solene de boas-vindas com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa.

De acordo com a tradução simultânea de ucraniano para português transmitida na Sala das Sessões, Volodymyr Zelensky acusou a Federação Russa de crimes de guerra, afirmando que as forças russas já capturaram e deportaram "mais de 500 mil ucranianos" e observando: "É o tamanho da população da cidade do Porto duas vezes".

"Imaginem se Portugal todo abandonasse o país", acrescentou o Presidente da Ucrânia, referindo-se aos refugiados causados por esta ofensiva militar.