Entre os 94 incêndios contabilizados durante o dia de hoje, o Comandante Nacional de Emergência e Proteção Civil indicou pelas 19:00 que se registavam ainda quatro ocorrências significativas ativas em Carrazeda de Ansiães, Ourém, Leiria e Ancião.

Em conferência de imprensa na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), André Fernandes referiu que os fogos que deflagraram na quinta-feira em Carrazeda de Anciães e Ourém, mantêm ativos-se e que ainda não estavam controlados.

“Neste momento, os incêndios encontram-se fora da capacidade de extinção, estamos a efetuar manobras preventivas para evitar que haja males maiores junto das habitações e, acima de tudo, junto da população civil”, afirmou.

O comandante nacional explicou que as condições meteorológicas “não são favoráveis à extinção dos incêndios” e que o período noturno será essencial no combate ao fogo.

De acordo com a Proteção Civil, o incêndio em Ourém, que merece maior preocupação, mobiliza 180 veículos, cinco meios aéreos e 612 operacionais e já resultou numa área ardida de cerca de 1.193 hectares, sem registo de quaisquer dados em habitações.

O fogo em Carrazeda de Anciães, com duas frentes ativas, mobiliza 274 operacionais e já resultou numa área ardida de aproximadamente 1.073 hectares.

No balanço feito ao final da tarde, André Fernandes indicou também que ao longo do dia foram registados 17 feridos ligeiros, dos quais 15 operacionais e dois civis, e o capotamento de um veículo de combate dos bombeiros de Leiria, do qual resultaram três feridos ligeiros.

O maior número de ocorrências registou-se na sexta-feira nos distritos de Porto, Aveiro e Lisboa.

Segundo o comandante Nacional, mantêm-se em alerta laranja para prontidão de forças os distritos de Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco e Santarém.

A partir das 00:00 de sábado juntam-se a estes os distritos de Leiria, Coimbra e Aveiro, mantendo-se os restantes distritos do continente em alerta amarelo.

Segundo a Proteção Civil, o alerta laranja corresponde a situação de perigo, com condições para a ocorrência de fenómenos invulgares que podem causar danos a pessoas e bens, colocando em causa a sua segurança.

André Fernandes reforçou o apelo para que as pessoas tenham comportamentos e sublinhou que, devido à situação meteorológica, “vai ser uma semana complicada e difícil”.

Fogo na Guarda já foi dominado

O incêndio que lavra desde quinta-feira nos concelhos da Guarda e de Belmonte (Castelo Branco) e originou o corte da autoestrada A23, foi dominado pelas 18:47, disse à agência Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS).

“[O fogo] foi dominado pelas 18:47. Estão agora a decorrer operações de consolidação e de rescaldo e de arrefecimento dos pontos quentes”, disse a fonte do CDOS da Guarda.

O incêndio deflagrou às 14:11 de quinta-feira, na freguesia de Benespera (Guarda), numa zona de mato, e evoluiu para o vizinho concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.

Devido ao fogo, na quinta-feira, o trânsito na autoestrada A23 (Guarda/Torres Novas), chegou a estar cortado entre os nós de Benespera e de Belmonte e de Caria (Belmonte) e Benespera, tendo a circulação rodoviária sido efetuada pela Estrada Nacional 18.

De acordo com a página da Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, pelas 19:30, estavam no local 186 operacionais, apoiados por 60 viaturas.

O presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, disse à Lusa que o fogo chegou a estar “quase circunscrito” durante a madrugada, mas devido ao vento as chamas continuaram a progredir.

O autarca referiu que a operação de rescaldo e de consolidação e vigilância “é importante”, para que as populações, principalmente as da localidade de Vendas da Vela, pertencente à freguesia de Vela (Guarda), fiquem mais tranquilas.

O responsável disse que assiste a este tipo de ocorrência com "preocupação", dado que as chamas chegaram a estar “a menos de 50 metros de algumas casas”, tal como aconteceu no último fim de semana na localidade de Rapoula, após o incêndio que deflagrou na freguesia de Arrifana.

Como o país se encontra em alerta máximo, o autarca apela aos habitantes do concelho da Guarda que “evitem a todo o custo tomar qualquer iniciativa que possa levar à propagação de fogo” e que não façam limpezas com meios mecânicos, optando pelos manuais.

Também pede que seja reforçada a vigilância e que cada um aposte na “auto-vigilância” e que, “ao mais pequeno sinal, se avisem as autoridades”.