"Temos dois pesos e duas medidas? A resposta é não", afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, numa conferência de imprensa

"Quando analisamos os direitos humanos e a situação dos direitos humanos em todo o mundo, aplicamos o mesmo padrão a todos. E isso não muda se o país em questão é um adversário ou rival, um amigo ou um aliado", afirmou.

Blinken fez estas declarações enquanto Washington avalia se vai sancionar uma unidade militar israelita por supostas violações dos direitos humanos na Cisjordânia, uma medida que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, classificou como "o cúmulo do absurdo".

"O mesmo padrão se aplica à própria Faixa de Gaza", acrescentou, onde Israel combate o grupo islamista palestiniano Hamas desde 7 de outubro de 2023.

Nesse dia, integrantes do Hamas cometeram um ataque que causou 1.170 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais israelitas.

Em represália, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder em Gaza desde 2007, e lançou uma ofensiva militar que, até agora, já provocou 34.151 mortos, segundo o Ministério da Saúde do território.

"Quando se trata de acusações de incidentes, sejam violações do direito internacional humanitário, abusos de direitos, o que seja" em Gaza, "temos processos dentro do departamento que analisam os incidentes", afirmou Blinken. "Esses processos estão em curso", disse, insistindo na importância de se levar o tempo necessário "para obter os factos".

"Assim é exatamente como procedemos com qualquer país que receba assistência militar dos Estados Unidos", detalhou o secretário de Estado.

Quanto à situação dos direitos humanos no mundo, Blinken sustentou que "os governos continuam a prender cidadãos que desafiam os que estão no poder e pedem um futuro melhor, da Bielorrússia à Venezuela. Muitos são jovens. Dos aproximadamente 1.000 presos políticos de Cuba, a idade média é de 32 anos", afirmou.

Além disso, o relatório de 2023 "mostra que os governos estão a ampliar os seus abusos para além de suas próprias fronteiras", como o caso da Nicarágua, que "tenta pressionar e punir os ativistas exilados confiscando os seus bens".

Desta vez, o relatório também critica a República Dominicana porque "ocorreram mudanças significativas na situação dos direitos humanos" como "a expulsão em massa de haitianos e apátridas de ascendência haitiana".

Como nota positiva, o Departamento de Estado constata avanços nas condições laborais no México e no Brasil.