O emir de 72 anos deu a sua "autorização implícita" para que o telemóvel da sua sexta mulher, a princesa Haya Bint Al Hussein, fosse invadido com o programa de espionagem Pegasus, o que foi descoberto em agosto de 2020, declarou o tribunal.

Mohammed bin Rashed al-Maktoum autorizou também a intervenção nos telefones dos advogados, da assistente pessoal e de dois membros da equipa de segurança da mulher de 47 anos, contra quem tem realizado uma "campanha de medo e intimidação", acrescentou o tribunal.

Uma vez instalado, o Pegasus —  desenvolvido pela empresa israelita NSO — pode rastrear a localização da pessoa, ler as suas mensagens e e-mails, ouvir chamadas, gravar atividades ao vivo, além de aceder a apps, fotografias e até operar a câmara e o microfone remotamente.

De acordo com o The Guardian, entre os alvos estava a advogada de Haya, Fiona Shackleton, membro da Câmara dos Lordes da Grã-Bretanha. Shackleton terá sido informada do "hacking" por Cherie Blair (mulher do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair), que trabalha como consultora na NSO.

Escreve ainda a publicação que o telemóvel de Haya foi "hackeado" 11 vezes em julho e agosto do ano passado com a "autoridade expressa ou implícita" do emir do Dubai.

Sabe-se que um volume "muito significativo" de 265 megabytes de dados foi extraído do telemóvel da princesa Haya.

Os acórdãos, publicados esta quarta-feira, referem-se ao "hacking" como "violações do direito penal interno (do Reino Unido)" e "abuso de poder" por parte de um chefe de governo.

A vigilância ocorreu durante um período descrito pelo juiz Andrew McFarlane como "um momento particularmente agitado e financeiramente importante, com muitas audiências importantes relacionadas com as reivindicações financeiras da mãe para si mesma e para os filhos".

A princesa Haya, irmã do rei da Jordânia (Abdullah II) fugiu para Londres em 2019, levando os seus dois filhos — Jalila, de 13 anos, e Zayed, de 9.

Filha do falecido rei Hussein da Jordânia, Haya é a sexta mulher do emir do Dubai.