“Os professores que se vão reformar no próximo ano têm neste momento turmas atribuídas mas, quando chegar o momento de se irem embora, os alunos ficarão sem professor e as escolas terão de encontrar substitutos”, explicou à Lusa Manuel Pereira.

Este ano, já se reformaram quase 1.600 docentes e os sindicatos estimam que irão ser mais de dois mil até ao final de dezembro. No próximo ano a situação será semelhante, já que os professores no ativo são uma classe cada vez mais envelhecida.

A maioria tem mais de 50 anos e é nas escolas públicas no norte e centro do país que a média de idades é mais alta, segundo dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que mostram que a percentagem de docentes com pelo menos 50 anos duplicou na última década.

É no pré-escolar público que se encontram os educadores mais velhos, com uma idade média de 54 anos.

Nos outros níveis de ensino, a média de idades também está acima dos 50 anos: no 2.º ciclo os professores têm em média 52 anos, seguem-se os do 3.º ciclo e secundário (51 anos) e, por fim, os do 1.º ciclo (49 anos).

Nos últimos anos, os problemas para substituir professores reformados ou de baixa têm-se sentido mais nas escolas da zona de Lisboa e Vale do Tejo e do sul do país.

A explicação é simples: A maioria dos docentes vive e tem família no norte e a oferta de uma vaga a sul significa mais despesas, muitas vezes, em troca de baixos salários, disse Manuel Pereira.

“Cerca de 30% dos professores que hoje estão nas escolas vão reformar-se no próximos três a quatro anos e por isso são precisas medidas urgentes”, alertou o presidente da ANDE.

Também os sindicatos têm defendido medidas que incentivem os jovens a ingressar na carreira docente e programas de incentivos que permitam aos docentes aceitar colocações longe de casa.

“O problema de substituir docentes já é antigo e por isso é preciso também repensar todo o processo de colocação de professores”, acrescentou o vice-presidente da ANDAEP, David Sousa.