“Como é do domínio público, a Altice Portugal foi uma das empresas alvo de buscas pelas autoridades portuguesas em cumprimento de um mandado, emitido pelo Ministério Público, no âmbito de uma investigação dirigida a indivíduos e entidades externas ao nosso grupo”, começa por dizer Ana Figueiredo, na missiva enviada esta tarde, a que a Lusa teve acesso.

“Desde esse primeiro momento, e movidos pela transparência por que a Altice Portugal sempre se pautou, estamos a prestar às autoridades toda a colaboração” e, “além dessa resposta à solicitação das autoridades, o grupo Altice já deu início a uma investigação interna relacionada com os processos de compras e os processos de aquisição e venda de imóveis da Altice Portugal, bem como de todo o Grupo Altice”, prossegue a CEO, que assumiu funções em abril do ano passado.

Hoje, o co-CEO do Grupo, Alexandre Fonseca, “fez saber da decisão de suspender todas as suas funções no âmbito das atividades empresariais executivas e não executivas de gestão do Grupo em diversas geografias, incluindo as posições de ‘Chairman’ em diversas filiais”, recorda Ana Figueiredo.

A CEO afirma que “esta é uma decisão que o Grupo Altice aceita e valoriza, pois auxilia a salvaguarda da prossecução da sua atividade empresarial e promove a defesa dos princípios da transparência e da inequívoca colaboração no apuramento dos factos”.

“Não nos desviaremos do que era ontem, e será amanhã, o nosso foco — servir os nossos clientes, prestando um serviço de excelência, e continuar a liderar no mercado português, sendo a empresa mais inovadora em Portugal. Em suma, fazer o que sabemos fazer melhor”, defende a executiva.

Por isso, “devemos concentrar-nos na nossa operação, continuar a executar o nosso Plano de Negócios e a melhorar o nosso desempenho”, sublinhou.

“Depois dos vários encontros” promovidos por todo o país e que terminaram na semana passada, em Lisboa, “fica a certeza de que conto convosco e com a vossa energia nessa missão”, salienta Ana Figueiredo.

“Estou certa de que, juntos, lideraremos o futuro”, conclui, agradecendo aos colaboradores.

A “operação Picoas”, desencadeada em 13 de julho, levou a três detenções, entre as quais a do cofundador do grupo Altice Armando Pereira, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo a sede da Altice Portugal, em Lisboa, e instalações de empresas e escritórios em vários pontos do país, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público (MP).

Esta foi uma ação conjunta do MP e da Autoridade Tributária (AT). Em causa, alegadamente, está uma “viciação do processo decisório do grupo Altice em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência”, que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva.

As autoridades consideram que a nível fiscal o Estado terá sido defraudado numa verba “superior a 100 milhões de euros”.