“Treze dos feridos estão em estado grave e serão transferidos para hospitais em Cartum, disse Jamal Nasser, ministro da saúde do estado, contactado por telefone pela AFP.

Segundo a agência Efe, Nasser disse em comunicado enviado à rádio oficial de Al-Damazine, a principal cidade da região, que os confrontos que começaram na semana passada levaram ao deslocamento de 1.800 pessoas.

“A situação no Hospital Universitário de Al-Damazine é grave, já que se estão a acumular corpos que até agora não foram identificados”, afirmou o mesmo responsável, citado pela Efe, acrescentando que isso “dificulta o trabalho do pessoal médico”.

Nasser pediu ao governo central e a organizações da sociedade civil uma intervenção urgente, medicamentos para os feridos, bem como alojamento para os deslocados.

Os primeiros confrontos entre as tribos Hausa e Barti começaram na segunda-feira no distrito de Qissan. Em causa está uma disputa por terras.

A região de Qissan e, de forma mais geral, o estado do Nilo Azul, é cenário de uma rebelião desencadeada em 1986.

A guerrilha há muito que era fonte de problemas para o regime ditatorial de Omar al-Bashir, derrubado pelo exército, sob pressão popular, em 2019.

Para especialistas, o vazio de segurança criado pelo golpe militar favoreceu o ressurgimento da violência tribal num país onde anualmente centenas de civis morrem em confrontos entre pastores e agricultores pelo acesso à água ou a zonas de pasto.

Em Cartum, as forças de segurança sudanesas tentaram hoje dispersar centenas de manifestantes hostis ao poder militar instalado após o golpe de Estado do general Abdel Fattah al-Burhane em outubro, constataram jornalistas da AFP.

“Al-Damazine está a sangrar”, podia ler-se num cartaz exibido por um jovem manifestante em Cartum.

As forças da ordem lançaram granadas de gás lacrimogéneo quando os manifestantes tentavam aproximar-se do palácio presidencial