Numa entrevista ao noticiário noturno do canal TF1, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, anunciou a mobilização de 45.000 mil agentes da polícia e gendarmes (polícia militarizada), depois de a morte de um jovem de 17 anos de ascendência argelina, atingido a tiro pela polícia durante um controlo de trânsito em Nanterre (nos arredores de Paris), ter desencadeado protestos violentos nas últimas noites em diversas cidades francesas, com centenas de manifestantes detidos em todo o país.

O ministro do Interior denunciou a violência “absolutamente inaceitável”, mas descartou a instauração do estado de emergência para acalmar a situação após a morte do jovem Nahel.

França viveu uma terceira noite consecutiva de graves distúrbios em muitas partes do território, que se saldaram em pelo menos 250 agentes policiais feridos, 875 detenções — um terço das quais, de menores -, 492 edifícios públicos atacados e 2.000 veículos incendiados.

Para evitar este tipo de episódios, a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, anunciou hoje mesmo o destacamento de blindados da polícia militarizada, sem especificar quantos.

Numa reunião extraordinária, o ministro do Interior decidiu hoje estender a todo o país a restrição de circulação de autocarros e elétricos, que não poderão funcionar a partir das 21:00 locais (20:00 de Lisboa) até à manhã seguinte, até novas ordens.

Também foi temporariamente proibida a venda de foguetes para fogos-de-artifício, bidões de gasolina, ácidos e outros produtos químicos e inflamáveis.

A morte de Nahel, que será sepultado no sábado na cidade de Nanterre — onde residia e onde foi morto -, chocou boa parte do país e provocou a enérgica condenação da esquerda e de movimentos sociais, por considerarem que se tratou de um ato de racismo.

Os alvos dos manifestantes têm sido carros da polícia e dos bombeiros, mas também edifícios públicos e lojas, muitas das quais pilhadas.

Um jovem morreu hoje à tarde depois de cair do telhado de uma loja no noroeste da França durante a última noite.

As versões da polícia e do Ministério Público divergem sobre as circunstâncias do acidente.

Segundo fonte policial, a queda do jovem ocorreu “no contexto de um saque” a um supermercado. O procurador de Rouen (noroeste), Frédéric Teillet, afirmou, por sua vez, que a loja em questão não foi “objeto de um ataque de manifestantes”.