“Os britânicos cometeram pirataria e nós respondemos”, disse o presidente do parlamento iraniano, Ali Larijani, citado pela agência Efe, durante a sessão aberta de hoje.

Para além desta declaração, os deputados elaboraram um comunicado de apoio e agradecimento à ação dos Guardas da Revolução no estreito de Ormuz, que até agora foi assinado por 160 parlamentares.

Um membro da comissão de Energia do parlamento, Jalal Mirzaei, disse que espera que “o ato do Corpo dos Guardas da Revolução tenha transmitido a mensagem aos britânicos de que não podem atuar contra as normas internacionais”.

Mirzaei criticou, citado pela agência universitária iraniana ISNA, que o Reino Unido atuou “seguindo a política dos Estados Unidos” e que por isso deteve em Gibraltar no início do mês o petroleiro iraniano Grace 1 por suspeitar de que transportava crude para a Síria, cujo regime está debaixo de sanções da União Europeia.

Na sexta-feira, os Guardas da Revolução iranianos anunciaram que tinham “confiscado” o petroleiro, alegando que a embarcação tinha desrespeitado o código marítimo internacional e os pedidos da autoridade portuária e marítima da província de Hormozgan.

O petroleiro britânico e os seus 23 tripulantes encontram-se no porto de Bandar Abbas enquanto se desenrola uma investigação pela suposta infração das normas de navegação.

No sábado, Alahmorad Afifipur, diretor da Organização de Portos e Navegação da província de Hormozgan, justificou o arresto dizendo que “o petroleiro chocou com um barco de pesca durante a sua rota e depois desse incidente era necessário perceber os motivos”.

O mesmo responsável portuário disse, citado pela AFP, que a rapidez da investigação sobre o incidente “dependerá da cooperação da tripulação” e do acesso das autoridades “às provas necessárias para examinar o assunto”.

Numa mensagem publicada no sábado na rede social Twitter, o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohamad Javad Zarif, exigiu ao Reino Unido que deixe de ser “cúmplice” das sanções dos Estados Unidos contra o Irão.

Também no sábado, a diplomacia britânica convocou o encarregado de negócios iraniano no Reino Unido, segundo fonte governamental.

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jeremy Hunt, já tinha dito que a apreensão do navio revela “sinais preocupantes de que o Irão poderá escolher um caminho perigoso de comportamento ilegal e desestabilizador”.

O Reino Unido também pediu a outros navios britânicos para evitarem o estreito de Ormuz, uma passagem marítima vital para o tráfego mundial de petróleo, durante um “período provisório”.