Os países africanos encerraram aeroportos e fecharam algumas das maiores cidades do continente por precaução, o que agrava o problema da escassez de produtos de saúde e muito mais. O continente tem agora mais de 7.000 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus.

As organizações de ajuda estão agora na extraordinária situação de negociar corredores humanitários em regiões pacíficas, depois de pelo menos 32 países terem encerrado as suas fronteiras, de acordo com os dados dos Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças.

Algumas nações abriram exceções para a carga, a ajuda humanitária ou os voos de emergência.

No Quénia, as restrições nas viagens atrasaram a entrega de pesticidas para combate do mais devastador surto de gafanhotos nos últimos 70 anos que está a atingir alguns países da África Oriental, segundo disse um funcionário da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) à agência Associated Press.

É como se uma segunda geração de gafanhotos do deserto — vinte vezes em tamanho da primeira vaga de milhares de milhões de insetos — se preparasse para voar, afirmou Cyril Ferrand, líder da equipa de resiliência da FAO para a África Oriental.

“Com o início da época das chuvas, os agricultores começam a plantar e as terras regenerarem-se”, afirmou. “Mas, se estes insetos vorazes aterrarem nestas culturas, estes agricultores terão de enfrentar uma perda de 100%”.

As encomendas de pesticidas da Grã-Bretanha e da Índia foram adiadas há semanas, deixando o Quénia com “muito pouco stock” para pulverizar os gafanhotos”, afirmou.

Com o tempo a esgotar-se, as autoridades fizeram na quinta-feira uma encomenda a um produtor local de pesticidas e “em teoria” espera-se um novo abastecimento durante o fim-de-semana.

Na quinta-feira, a diretora regional do Programa Alimentar Mundial para a África Austral, Lola Castro, disse aos jornalistas que, pouco antes de a África do Sul impor um bloqueio de três semanas, o PAM negociou um corredor humanitário para as remessas da ajuda alimentar necessária puderem continuar a fluir para outras nações da África Austral, uma vez que milhões de pessoas sentem os efeitos da seca e de outras catástrofes.

Trata-se de uma medida invulgar numa região atualmente livre de guerra.

“É extremamente importante que os sistemas alimentares continuem a funcionar […] mas também que sejam capazes de atravessar as fronteiras”, afirmou a comissária.

Os bloqueios e outras restrições com vista ao combate ao coronavírus “podem afetar-nos muito” num continente onde milhões de pessoas que têm de sair diariamente para ganhar a vida são obrigadas a ficar em casa.

A pandemia afeta já 50 dos 55 países e territórios africanos, com mais de 7.000 infeções e 280 mortes, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC). São Tomé e Príncipe permanece como o único país lusófono sem registo de infeção.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 200.000 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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