O homem encontra-se sob proteção das autoridades turcas em Antakya, perto da fronteira com a Síria, e está a ser identificado, mas é provável que seja o jornalista Jumpei Yasuda, segundo o Governo nipónico.

O Governo japonês foi informado pelo Qatar sobre a libertação do homem e notificou a família de Yasuda, tendo enviado funcionários da embaixada para o local. O homem libertado está mentalmente estável e de boa saúde, informou a agência de notícias Kyodo.

Yasuda foi sequestrado em 2015 na Síria por um grupo extremista islâmico ligado à Al-Qaeda, conhecido então como Nusra Front.

Nusra Front mais tarde ficou conhecido como Hayat Tahrir al-Sham, ou Comité de Libertação do Levante. O grupo entregou Yasuda ao Partido Islâmico do Turquestão, que inclui sobretudo extremistas chineses baseados na Síria, de acordo com Rami Abdurrahman, que lidera o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, organização ligada ao Reino Unido.

Yasuda começou a fazer reportagens sobre o Médio Oriente no início de 2000 e foi feito refém no Iraque em 2004 com outros três japoneses, mas foi libertado após clérigos islâmicos terem negociado a sua libertação.

O seu último trabalho na Síria envolveu reportagens sobre o seu amigo Kenji Goto, um jornalista japonês que foi feito refém e morto pelo grupo do Estado Islâmico.

A família e os amigos de Yasuda já expressaram a sua satisfação com a notícia da sua libertação.

“Estou tão feliz, é tudo o que posso dizer”, disse a mãe de Yasuda, à emissora pública japonesa NHK.

Um amigo, Kosuke Tsuneoka, que recebeu a última mensagem de Yasuda em 2015, disse que se sentiu aliviado. “Tenho certeza de que ele agora conhece muitos detalhes sobre organizações terroristas na Síria e espero que ele conte ao mundo tudo o que sabe sobre eles”.

A Síria é um dos lugares mais perigosos para jornalistas desde que o conflito começou em março de 2011, com dezenas de mortos ou sequestrados.

Vários jornalistas ainda estão desaparecidos na Síria e o seu destino e paradeiro desconhecidos.

Os desaparecidos incluem o norte-americano Austin Tice, de Houston, Texas, que desapareceu em agosto de 2012 durante a cobertura do conflito, que matou cerca de 400 mil pessoas. Um vídeo divulgado um mês depois mostrou Tice vendado e agarrado por homens armados, dizendo “Oh, Jesus”.

Tice é um ex-fuzileiro naval que escreveu para o The Washington Post, McClatchy Newspapers, CBS e outros órgãos de comunicação social, e que desapareceu pouco depois de completar 31 anos.

Outro dos jornalistas desaparecidos é o fotojornalista britânico John Cantlie, que apareceu em vídeos de propaganda do grupo Estado Islâmico. Cantlie trabalhou para várias publicações, incluindo o The Sunday Times, The Sun e The Sunday Telegraph.

Cantlie foi sequestrado com o jornalista americano James Foley em novembro de 2012. Este último foi decapitado pelo Estado Islâmico em agosto de 2014.

Já o jornalista libanês Samir Kassab, que trabalhou para a Sky News, foi sequestrado a 14 de outubro de 2013, juntamente com um outro repórter da Mauritânia, Ishak Moctar, e um motorista sírio durante uma viagem ao norte da Síria.

Em março de 2014, dois jornalistas espanhóis – o correspondente Javier Espinosa e o fotógrafo Ricardo Garcia Vilanova – foram libertados seis meses depois de serem sequestrados por um grupo ligado à Al-Qaeda.