Apesar das promessas do governo, agricultores continuam nas estradas
Edição por Alexandra Antunes
Em Vila Real juntaram-se esta manhã manifestantes provenientes de Chaves, Boticas, Montalegre, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real, Mesão Frio, Castro de Aire ou Amarante. São cerca de 150 tratores, carrinhas e automóveis, seguidos de centenas de agricultores a pé.
Nos tratores, de maior ou menor dimensão, carrinhas ou carros, trazem faixas e cartazes onde se pode ler: “Agricultores não são subsidiodependentes! Trabalham por eles e para vocês todos”, “Urgente exigimos a reprogramação do PEPAC”, “Sem a agricultora e pecuária não há futuro”, “Governo sem coração promove desertificação”, “Deixem os meus filhos serem agricultores”.
Qual o motivo para mais um protesto?
A marcha lenta na cidade transmontana pretende mostrar que a insatisfação se mantém no setor. Assim, os agricultores unem-se para reclamar melhores rendimentos e preços justos à produção e defender a produção nacional, a agricultura familiar e os baldios e, no final, vão votar um caderno de reclamações para entregar aos órgãos de soberania e partidos políticos.
“Nós estamos de luto, as medidas cada vez são mais baixas, houve cortes abruptos no baldio na nossa zona, que somos tipicamente de pastorícia, a ministra não nos ouve e os nossos agricultores vão acabar”, afirmou à agência Lusa Manuel Domingues, da Associação de Gestão e Desenvolvimento Rural de Trás-os-Montes (AGRITAD), filiada da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
O dirigente realçou ainda que as ajudas “estão a chegar tarde e não estão adequadas à região, aos pequenos agricultores”. “Estamos com a corda ao pescoço”, frisou.
E como vão as manifestações em Espanha?
Milhares de agricultores continuam a manifestar-se hoje, pelo segundo dia consecutivo, em várias regiões de Espanha, mantendo cortadas estradas e autoestradas, assim como o acesso a centros logísticos, como o porto de Málaga, no sul do país.
Na Catalunha, nordeste de Espanha, na fronteira com França, os agricultores mantiveram cortadas diversas vias durante toda a noite e iniciaram de manhã marchas lentas com tratores em direção ao centro de Barcelona, a segunda maior cidade espanhola.
Mantêm-se grandes vias cortadas também nas regiões da Comunidade Valenciana, Castela La Mancha, Andaluzia, Aragão e Múrcia. Mas não parece haver, até agora, registo de bloqueios de estradas de ligação a Portugal.
A minha mãe é celíaca. Teve um diagnóstico tardio e, ao contrário do que eu imaginei então, adaptou-se com disciplina e relativa facilidade. A minha mãe entra numa pastelaria e não come nada do que estamos habituados a pedir ao balcão: tostas, rissóis, camarões, bolos e bolinhos? Não dá. Tudo tem farinha. Continuar a ler